Tecnologia sempre atraiu investidores. As expectativas com lançamentos quase sempre revolucionários tem feito disparar as cotações de Apple, Microsoft e Tesla. O boom da Inteligência Artificial (IA) fez com que o índice Nasdaq, a bolsa de valores dos Estados Unidos que possui forte concentração de empresas de tecnologia, apresentasse a maior valorização em comparação com todos os índices globais, com uma alta acumulada de 34% até o fim de agosto. No entanto, essa alta não teve um reflexo por aqui. O Ibovespa subiu apenas 5,47% nesse período.
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A Apple, por exemplo, obteve um aumento de 43% em suas ações este ano ao anunciar o Vision Pro, seus óculos de realidade mista. As ações do Google subiram 54%, enquanto a Microsoft registrou um ganho de 37%. O motivo para ambas as altas foi a busca para liderar na área das inteligências artificiais generativas, como o ChatGPT e o BING. A Amazon viu suas ações se valorizarem mais de 60% devido à sua presença significativa no armazenamento de dados em nuvem, uma parte crucial da IA. A Tesla, por sua vez, registrou um impressionante aumento de 146% devido aos seus protótipos de carros autônomos. Vale destacar a Nvidia, líder neste setor, com um aumento de mais de 200% em suas ações este ano.
No cenário brasileiro, apenas algumas empresas conseguiram se destacar positivamente este ano, como a Valid (97%), a Sinqia (84%) e a Enjoei (50%). Enquanto isso, Totvs e Locaweb tiveram aumentos modestos de apenas 3,90% e 2,80%, respectivamente. A maioria das outras empresas enfrentou desvalorizações significativas, como Infracommerce (-50%), Livetech (-30%), Intelbras (-27%) e Dotz (-27%).
Veja os motivos pelos quais as empresas brasileiras não apresentam o mesmo desempenho das americanas:
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Qi Yang/Getty Images 1º – Brasileiras investem pouco em IA
As empresas de tecnologia americanas estão na vanguarda da inovação. Este ano o mercado observou o crescimento e adoção de tecnologias de inteligência artificial, o que aumenta substancialmente a monetização dessa tecnologia. Por outro lado, as empresas brasileiras de tecnologia trabalham na aplicação e distribuição de tecnologia para os clientes finais. Em alguns casos ainda, como as fintechs, o modelo é completamente diferente e se assemelha mais a um banco ou pagamentos do que propriamente uma empresa de software americana.
“Basicamente as empresas de tech brasileiras não atuam no desenvolvimento de novas tecnologias e não estão inseridas no tema de IA. Eventualmente podem se beneficiar mas não será uma fonte de grande diferenciação”, diz Guilherme Amaral, analista da Kinea Investimentos.
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jayk7/ Getty Images 2º – Altas taxas de juros
Empresas de tecnologia são mais sensíveis a altas de juros, pois frequentemente dependem de financiamento externo para impulsionar seu crescimento. Isso ocorre porque muitas delas estão em estágios iniciais de desenvolvimento ou estão focadas em inovações de longo prazo que podem não gerar receita imediatamente. “Se os juros sobem, tomar empréstimos para tocar a operação também se torna mais caro”, afirma Andre Osowski, assessor da Manchester Investimentos
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Andriy Onufriyenko/Getty Images 3º – Maturidade do mercado
Nos Estados Unidos, os investidores estão bastante familiarizados com o mercado de tecnologia, uma vez que este setor desempenha um papel fundamental na economia do país. O mercado compreende a volatilidade e os riscos associados a empresas que muitas vezes operam em um ambiente altamente competitivo e sujeitas a rápidas mudanças tecnológicas. “Por aqui, as últimas apostas em empresas como Meliuz, Enjoei e GetNinjas, por exemplo, foram ruins porque representaram perdas médias de 80%”, diz Junior Borneli, CEO da StartSe.
1º – Brasileiras investem pouco em IA
As empresas de tecnologia americanas estão na vanguarda da inovação. Este ano o mercado observou o crescimento e adoção de tecnologias de inteligência artificial, o que aumenta substancialmente a monetização dessa tecnologia. Por outro lado, as empresas brasileiras de tecnologia trabalham na aplicação e distribuição de tecnologia para os clientes finais. Em alguns casos ainda, como as fintechs, o modelo é completamente diferente e se assemelha mais a um banco ou pagamentos do que propriamente uma empresa de software americana.
“Basicamente as empresas de tech brasileiras não atuam no desenvolvimento de novas tecnologias e não estão inseridas no tema de IA. Eventualmente podem se beneficiar mas não será uma fonte de grande diferenciação”, diz Guilherme Amaral, analista da Kinea Investimentos.