A Opep elevou suas previsões de demanda mundial de petróleo para o médio e longo prazo em uma perspectiva anual, e disse que são necessários US$ 14 trilhões em investimentos para atender a essa demanda mesmo com o crescimento do uso de combustíveis renováveis e o aumento do número de carros elétricos nas ruas.
A visão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, em seu relatório 2023 World Oil Outlook, divulgado nesta segunda-feira, contrasta com a de outros analistas, incluindo a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que afirmam que a demanda pode atingir o pico nesta década.
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Outra década ou mais de aumento do consumo seria um impulso para a Opep, cujos 13 membros dependem da renda do petróleo. O grupo afirma que o petróleo deve fazer parte da transição energética e citou as decisões de alguns governos e empresas de desacelerar sua retirada dos combustíveis fósseis.
“Acontecimentos recentes levaram a equipe da Opep a reavaliar o que cada energia pode oferecer, com foco em opções e soluções pragmáticas e realistas”, escreveu o secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais, no prefácio do relatório.
“Os apelos para interromper os investimentos em novos projetos petrolíferos são equivocados e podem levar ao caos energético e econômico”, acrescentou ele, estimando o investimento necessário no setor petrolífero em US$ 14 trilhões até 2045, acima dos US$ 12,1 trilhões estimados no ano passado.
A Opep espera que a demanda mundial de petróleo atinja 116 milhões de barris por dia (bpd) até 2045, cerca de 6 milhões de bpd acima do esperado no relatório do ano passado, com crescimento liderado pela China, Índia, outras nações asiáticas, África e Oriente Médio.
O diretor executivo da IEA, Fatih Birol, disse na semana passada que o consumo global de carvão, petróleo e gás natural pode atingir o pico antes de 2030. A IEA aconselha os países industrializados e, em 2021, disse que os investidores deveriam interromper novos investimentos em petróleo se o mundo quiser atingir emissões líquidas zero até a metade do século.
Retrocesso do “Net zero”
Ao discursar no lançamento da publicação em Riad, capital da Arábia Saudita, principal produtora da Opep, Al Ghais, da Opep, citou a resistência contra as políticas de emissões líquidas zero e disse que a ação climática não deve ser realizada às custas da segurança energética global.
“No ano passado, o que ficou claro é que vimos as populações expressarem preocupações sobre os custos e os benefícios reais das metas de zero líquido”, disse ele.
“Há alguns que, infelizmente, continuam a insistir na narrativa extremamente arriscada de dispensar o petróleo com a conversa de que a demanda de petróleo cairá em quase 25 milhões de barris por dia até o ano de 2030”, acrescentou.
No relatório, a Opep também elevou as suas previsões de demanda para o médio prazo, até 2028, citando a demanda robusta este ano, apesar dos ventos econômicos contrários, como o aumento das taxas de juro.
A demanda mundial em 2028 atingirá 110,2 milhões de bpd, disse a Opep, acima dos 102 milhões de bpd em 2023. O grupo previu que o uso de petróleo em 2027 atingiria 109 milhões de bpd, acima dos 106,9 milhões de bpd estimados em 2022.