Há dez dias que o mundo acompanha a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas. Além da tragédia humanitária de 4.265 mortos de ambos os lados, uma eventual escalada regional do conflito pode afetar a economia mundial, Brasil incluído.
O conflito ainda não afetou diretamente a produção e as exportações de petróleo. No entanto, esse cenário pode mudar com uma eventual entrada do Irã no conflito. A república islâmica xiita é o quinto maior exportador da commodity no mundo. Além de apoiar a organização extremista Hezbollah, que fica no Líbano e vem atacando Israel, o Irã apoia o Hamas desde os primeiros ataques, realizados no sábado (7). “Um dos principais impactos da guerra para a economia brasileira é o efeito inflacionário que o aumento de combustíveis pode gerar em todos os outros produtos que consumimos”, diz João Romar, head de estratégia Internacional na InvestSmart.
Desde o ataque, os preços do barril de petróleo do tipo Brent, referência para o mercado europeu e para a Petrobras, subiram 2,9%. O petróleo é um componente importante da cesta dos índices de inflação, incluindo o IPCA, que baliza a meta oficial de inflação. O aumento do preço dos combustíveis afeta diretamente os índices de preços.
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O brasileiro também deve sentir esse efeito no bolso tanto ao comparecer ao supermercado quanto ao abastecer seu veículo. “Conflitos no Oriente Médio reduzem a oferta de petróleo”, diz Diogo Catão, especialista em inovação dos setores públicos da Dome Ventures. “Então isso afeta o consumidor final na bomba de gasolina.”
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou na segunda-feira (9) que a guerra deve elevar a volatilidade nos preços do petróleo, provocando reajustes dos combustíveis Brasil.
Segundo Jamie Dimon, CEO do banco de investimentos americano JP Morgan, o mundo enfrenta “um dos momentos mais perigosos das últimas décadas”, não apenas pelo conflito em Israel, mas também pela escalada da guerra na Ucrânia. Dimon afirmou que esses conflitos podem prejudicar os mercados de energia e de alimentos, o comércio mundial e as relações entre os países. O executivo também falou sobre o aumento da dívida pública e os altos déficits orçamentários em tempo de paz, que podem fazer com que a inflação e os juros fiquem altos.
Nesse cenário, os setores mais prejudicados na bolsa são as ações de crescimento, devido ao aumento de juros pela alta da inflação, e os setores de logística e transportes, afetados pelos combustíveis mais caros. Na outra ponta, empresas petrolíferas ou ligadas ao setor de energia podem ser beneficiadas com a alta da commodity.
Em cenários de aversão ao risco como este, as recomendações de Romar, da InvestSmart, são diversificar ativos e dolarizar parte do patrimônio. “Existe o conceito financeiro de ‘flight-to-quality’ no qual a moeda americana tende a ser beneficiada por momentos de aversão ao risco.”