O mercado de veículos do país deve crescer no próximo ano, apoiado no movimento de baixa de juros pelo Banco Central e na queda do endividamento das famílias, uma oportunidade que o banco C6 quer aproveitar para avançar na meta de ser um dos principais nomes no financiamento automotivo do país, dominado por alguns bancos tradicionais.
O C6, mais voltado à alta renda, começou a operar financiamento de veículos usados em janeiro do ano passado, assumindo uma estratégia conservadora de concessão de crédito em um ambiente em que o setor financeiro enfrenta efeitos da alta na inadimplência de consumidores e empresas.
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“Estamos otimistas, vendo as perspectivas de 2024 como bem positivas para o crédito dos bancos”, afirmou Ricardo Bonzo, diretor da área de veículos do C6. “O agronegócio segue muito resiliente… Mesmo o segmento de veículos sendo muito dependente de crédito, o histórico de vendas tem sido crescente nos últimos 10 a 15 anos”, afirmou o executivo, que antes de ingressar no C6 em 2021 comandava o portal de veículos do Itaú Unibanco, o iCarros.
Bonzo afirmou que o C6 começou a financiar carros novos em julho e que vai passar a dar crédito para compra de motos novas a partir da virada deste ano. Planos para financiamento de veículos pesados “estão no radar”, mas o executivo não deu detalhes.
A carteira do C6 no segmento de veículos cresceu de R$ 4,5 bilhões em junho deste ano para R$ 7 bilhões atualmente. A expectativa de Bonzo é que o número dobre até o final de 2024.
“Isso é uma meta realista…O patamar de originação que temos hoje já me leva para o dobro de carteira no final do ano que vem”, disse o executivo, que já trabalhou na Volkswagen Caminhões e Ônibus antes migrar para o Itaú.
O mercado de financiamento de veículos é liderado pelos bancos Votorantim e Santander Brasil, seguidos por Itaú e Bradesco e conta ainda com Safra e Banco Pan.
Como comparação, o Santander Brasil encerrou o terceiro trimestre com uma carteira de veículos de R$ 56,6 bilhões e uma produção de recorde de R$ 10,5 bilhões no período, alta de 15% sobre um ano antes.
“A gente sabe quanto custa o primeiro lugar. Temos ambição de estarmos entre os três ou quatro principais bancos brasileiros no segmento nos próximos anos”, disse Bonzo.
Segundo ele, atualmente a carteira de veículos do C6 corresponde a cerca de 12% dos financiamentos totais do banco. A expectativa é que o segmento atinja a “maturidade” no final de 2025, quando o patamar deverá alcançar entre 20% e 25% do total da carteira de crédito do C6.
Inadimplência
O executivo não deu detalhes sobre o nível de inadimplência no C6 referente ao mercado de veículos, mas afirmou que o banco opera “sensivelmente abaixo” da média de 5% dos bancos no Brasil compilada pelo Banco Central.
Bonzo disse que a política do C6 no segmento é aceitar financiamentos de veículos com no máximo 12 anos de uso e com o cliente dando entrada de 20% a 30% do valor do carro.
“O mercado de veículos é perigoso. A chance de escolher o cliente errado é muito grande…Quando a inadimplência aparece, ela tem um porte que já te obriga a segurar a originação”, disse o executivo. “Fomos menos afoitos, não confiamos totalmente em automação. Se o modelo (da automação da concessão de crédito) for distorcido, acaba-se ficando cego na decisão”, acrescentou.
Questionado sobre o apelo à alta renda do C6 e a decisão do banco em financiar veículos de até 12 anos, Bonzo afirmou que o o cliente que compra carro de 12 anos “não é cliente ruim…Tem renda de R$ 5 mil a R$ 6 mil, esse cliente, por sinal, é muito bom. É uma camada da população consciente da situação econômica e fica menos inadimplente”.
Atualmente, o C6 tem 200 mil clientes de financiamento de veículos, dos quais 25% já são correntistas do banco, disse o executivo.
Segundo Bonzo, dentro da estratégia do C6 em oferecer uma ampla variedade de serviços, o financiamento de veículos é importante porque “é um mercado com escala e em que o consumidor tem necessidade de crédito. O Brasil não é um país de poupança e as pessoas usam crédito para adquirir seus bens.”
As vendas de veículos usados no Brasil de janeiro a outubro mostram alta de 4,5% sobre um ano antes, a 8,7 milhões de unidades, segundo dados da Fenabrave. O diretor do C6 afirmou que o mercado nacional é um dos cinco maiores do mundo em usados. Incluindo motos, caminhões e ônibus, a expectativa é que as vendas de usados deste ano somem cerca de 15 milhões de unidades e para 2024 o setor espera-se um crescimento de 5% a 6%, afirmou Bonzo.