Enquanto Sam Bankman-Fried luta por sua liberdade no tribunal criminal, os ex-clientes de sua bolsa de criptomoedas FTX, que perderam cerca de US$ 16 bilhões em ativos, estão perto de recuperar a maior parte de seu dinheiro.
A FTX Trading, agora administrada pelo especialista em falências John J. Ray III, anunciou neste mês que os clientes podem esperar receber cerca de 90% do “valor distribuível” dos fundos recuperados da empresa falida. No entanto, embora planeje direcionar a maior parte desse montante para os clientes, ele não especificou quais receberão. Os investidores, como o ex-Conselheiro Geral da FTX, Ryne Miller, e os cofundadores da empresa, Gary Wang e Sam Bankman-Fried, estão impedidos de recuperar qualquer quantia.
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Os clientes menores, porém, têm a chance de recuperar a maior parte de seu dinheiro à medida que a empresa desenterra ativos anteriormente desaparecidos e alguns investimentos se valorizam. Um cálculo da Forbes com base em reivindicações de clientes e ativos visíveis da FTX estima que quase US$ 13 bilhões dos US$ 15 bilhões em reivindicações estão contabilizados.
Isso significa que, aqueles com saques líquidos abaixo de US$ 250 mil podem esperar uma restituição quase completa. No entanto, os clientes com valores mais altos enfrentam um desconto de 15% nos fundos sacados nos últimos dias tumultuados da operação da empresa.
Entretanto, há um grande problema: o Internal Revenue Service (IRS), o órgão tributário dos Estados Unidos. A entidade afirma que a empresa lhe deve US$ 44 bilhões, um valor que provavelmente excluirá grande parte ou toda a recuperação de outros credores, dependendo de quem tiver acesso aos ativos primeiro. A agência apresentou suas reivindicações contra várias entidades da FTX e, pelo menos na teoria, pode ter prioridade sobre os fundos perdidos pelos clientes, sobrecarregando os ativos visíveis da empresa.
Ativos da FTX poderiam satisfazer a maioria das reivindicações dos clientes
A versão mais recente do plano de falência da empresa de criptomoedas fracassada aloca mais de 90% dos “ativos distribuíveis” para os clientes da exchange. De acordo com as estimativas da Forbes, isso é quase suficiente para cobrir suas reivindicações.
Uma grande fonte de recuperação é os próprios clientes. Aqueles com saques líquidos acima de US$ 250 mil durante os nove dias anteriores à petição de falência da FTX contribuirão efetivamente com cerca de US$ 1,2 bilhão para as reivindicações dos clientes.
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Além disso, a companhia tinha US$ 2,4 bilhões em dinheiro e US$ 1,7 bilhão em criptomoedas importantes, excluindo o bitcoin e o solana, até 31 de agosto. Após os avanços recentes do mercado, os ativos dessas duas criptomoedas agora valem US$ 2,6 bilhões.
Contando esses e outros ativos com base nas informações da empresa, a FTX possui cerca de US$ 12,6 bilhões dos US$ 14,8 bilhões reivindicados por clientes, após contabilizar os descontos nas grandes retiradas líquidas. Foi inicialmente estimado que faltavam US$ 8,7 bilhões nos cofres quando a bolsa faliu, mas a empresa já localizou US$ 7 bilhões, de acordo com o relatório de setembro.
Receita federal dos EUA pode impedir recuperação
De longe, o maior desafio para a recuperação dos clientes e credores é o governo dos EUA. O Internal Revenue Services (IRS), equivalente à Secretaria da Receita Federal dos EUA, entrou com 45 reivindicações totalizando US$ 44 bilhões contra a FTX e suas afiliadas. Parece que essa estimativa do órgão governamental é excessivamente otimista.
“A reivindicação do IRS é administrativa e, portanto, teria prioridade sobre reivindicações não garantidas, mas se a maioria dos clientes possui reivindicações não garantidas ou interesses de propriedade é uma questão em aberto que é objeto de um processo movido contra os bens”, disse Rosenberg em um e-mail para a Forbes.
O advogado acredita que a reivindicação está exageradamente inflada. “Com base nas informações disponíveis, parece que o órgão emitiu uma avaliação de risco e avaliou o máximo que pôde em cada nível da organização”.
Nos casos em que há fraude envolvida, as reivindicações do IRS devem ser estruturalmente subordinadas, apesar da alegação da agência de que tem prioridade. A FTX afirma que a reivindicação do órgão é “assumida como subordinada”.
Enquanto a questão está sendo decidida, investidores que estão apostando no valor das reivindicações dos clientes não acham que o IRS irá prevenir totalmente os pagamentos. Atualmente, os compradores estão pagando 44% (41% de oferta, 46% de compra) do valor nominal das reivindicações dos clientes, de acordo com Vladimir Jelisavacic, gerente da Cherokee Acquisition, que administra o Claims Market, um mercado de reivindicações de falência. Isso representa um aumento em relação aos 41% de duas semanas atrás e aos 12% no início de 2023. As reivindicações não garantidas, para as quais a demanda é muito menor, estão sendo negociadas a 15%, diz ele.