A Apple pode estar perdendo sua capacidade de impor preços elevados aos clientes
A estratégia da Apple de elevar os preços do iPhone para consolidá-lo como um item de luxo enfrenta desafios nos dois países mais populosos do mundo, Índia e China. O principal obstáculo nesses mercados é a discrepância entre os preços, que são consideravelmente mais altos do que a maioria dos consumidores pode pagar, além da concorrência local que oferece smartphones mais alinhados com as necessidades dos clientes a preços significativamente mais baixos.
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A empresa sustentou os preços elevados com a expectativa de que os membros mais ricos dessas sociedades continuassem a adquirir os produtos da Apple. No entanto, fissuras nessa estratégia começaram a se manifestar.
Recentemente, a Apple iniciou uma redução nos preços do iPhone na China, algo que não ocorria há anos. Além disso, departamentos governamentais chineses têm restringido o uso de dispositivos da empresa por seus funcionários, em resposta às restrições do governo dos Estados Unidos a aplicativos chineses por questões de segurança.
Esses acontecimentos sugerem que a Apple pode estar perdendo sua capacidade de impor preços elevados aos clientes e extrair custos substanciais.
Na análise do mercado, a única maneira percebida de evitar essa perda de participação seria criar um novo produto com o potencial de transformar a forma como as pessoas vivem e trabalham. A última vez que a Apple conseguiu isso foi em 2007, com o lançamento do iPhone. Há dúvidas no mercado quanto ao headset de realidade mista, o Apple Vision Pro, com um preço inicial de US$ 3.499, se tornar o próximo produto impulsionador de crescimento para a empresa.
Enquanto isso, a Microsoft ultrapassou a Apple como a maior companhia em valor de mercado. A empresa de Bill Gates registrou um crescimento de quase 13% no trimestre encerrado em setembro de 2023, tornando-se a mais valiosa do mundo.
Descontos nos iPhones
A Apple está reduzindo os preços do iPhone na China, embora os descontos sejam temporários e relativamente pequenos. Antes do feriado do Ano Novo Lunar, os preços dos smartphones foram reduzidos em até US$ 70, enquanto outros produtos tiveram cortes de até US$ 110.
Essa medida representa um experimento para avaliar se iPhones mais acessíveis podem atrair os consumidores chineses. No último trimestre de 2023, as vendas do celular na China diminuíram 11%. Ethan Qi, analista da Counterpoint, atribuiu essa desaceleração à intensificação da competição de fabricantes locais, com a Huawei sendo uma das concorrentes que ganha participação considerável no mercado chinês.
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A participação da Huawei no segmento de smartphones de alta qualidade aumentou de 11% em 2022 para 24% no terceiro trimestre de 2023. Agora, a empresa consegue adquirir chips comparáveis aos mais avançados da Taiwan de uma companhia chinesa, a SMIC. Como resultado, a Huawei lançou o Mate 60 Pro, um smartphone equiparável ao iPhone 15 Pro Max de última geração. Com o apoio do governo chinês para incentivar a compra de produtos de fabricantes locais, a Apple pode enfrentar uma pressão adicional da Huawei.
Enquanto isso, a Samsung, que historicamente domina o mercado global de smartphones, tem obtido sucesso recente na China devido à demanda por seus modelos principais Galaxy S23 e smartphones dobráveis, produtos que a Apple não oferece.
Déficit de inovação
As árvores não crescem até o céu. Da mesma forma, um produto inovador que cria um mercado novo considerável não manterá crescimento e rentabilidade indefinidamente, uma vez que atrai concorrentes e eventualmente satura o mercado.
Por essa razão, as empresas precisam constantemente inventar novos produtos com um potencial significativo de crescimento. Isso permite compensar o declínio em linhas de produtos maduras com o rápido crescimento em novas áreas.
A Apple claramente está ficando para trás de suas maiores concorrentes no que diz respeito ao crescimento. A receita da empresa diminuiu quase 3% no ano fiscal encerrado em setembro de 2023, e as projeções de Wall Street indicam que a Apple enfrentará um crescimento de um dígito, com uma média de 5% ao ano nos próximos três anos, conforme observado pelo FactSet.
