O Banco do Brasil (BBAS3) teve um lucro líquido ajustado de R$ 35,6 bilhões em 2023, alta de 11,4% ante os R$ 31,9 bilhões em 2022. No quarto trimestre o lucro foi de R$ 9,4 bilhões, avanço de 4,8% frente ao mesmo período de 2022, e de 7,5% na comparação com o trimestre anterior. Esse resultado elevou a rentabilidade patrimonial do banco para 21,6% em 2023, ante 21,1% em 2022.
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Segundo Tarciana Medeiros, presidente do BB, o resultado recorde deveu-se a um aumento da margem financeira bruta, que somou R$ 93,5 bilhões em 2023, alta de 27,4% ante os R$ 734 bilhões de 2022. No quarto trimestre a margem financeira bruta foi de R$ 25,8 bilhões, ante R$ 21,5 bilhões no mesmo período do ano passado.
Empréstimos
A carteira de crédito ampliada, que inclui títulos e valores mobiliários e garantias, encerrou 2023 com R$ 1,1 trilhão, crescimento de 4,0% em relação no trimestre e de 10,3% ante 2022. O índice de inadimplência acima de 90 dias atingiu 2,92% do total da carteira, um percentual abaixo da média do Sistema Financeiro. O índice de cobertura (relação entre o saldo de provisões e o saldo de operações vencidas há mais de 90 dias) ficou próximo à estabilidade em 196,7%.
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“O destaque foram as linhas de crédito para a pessoa física, que chegou a R$ 313 bilhões, principalmente os empréstimos consignados, que responderam por R$ 126 bilhões”, disse Medeiros. “Completamos 20 anos de atuação no consignado, com crescimento de 10% neste ano, e chegamos a 11 milhões de clientes proventistas.” Segundo a presidente, o banco é líder na concessão de empréstimos no setor público. “Agora vamos buscar crescimento no consignado privado.”
Dividendos e recompra de dívida
O BB anunciou uma elevação do pay-out de dividendos de 40% para 45%. “Nossa política de dividendos é clara, não pretendemos manter um percentual baixo e divulgar pagamentos extraordinários”, disse Marco Geovanne da Silva, CFO do banco. Para ele, elevar o percentual de dividendos é “uma maneira de remunerar melhor o acionista”.
Segundo ele, o banco vai exercer uma opção de compra de um bônus internacional emitido em 2014, o BanBra9, que paga juros elevados de 9% ao ano. Na época foram emitidos US$ 2,5 bilhões e ainda há cerca de US$ 1,37 bilhão em circulação no mercado, que deverão ser recomprados em julho. “A operação de recompra será realizada com recursos provenientes do caixa do BB e não trará impactos relevantes para os níveis de liquidez”, disse o CFO.
Cielo
Medeiros comentou a Oferta Pública de Aquisição (OPA) das ações da Cielo, anunciada na terça-feira (6). Segundo Francisco Lassalva, diretor da área de atacado, a justificativa para a compra são as mudanças no mercado. “Ao longo dos anos o mercado sofreu uma forte disrupção, devido às mudanças regulatórias e à entrada de novas empresas de pagamentos”, disse ele. “Ao fechar o capital da Cielo nós teremos mais flexibilidade no relacionamento com os clientes.”
Para o banco, o preço ofertado de R$ 5,35 por ação é adequado. O BB solicitou uma avaliação para o Bank of America e o valor justo para a ação ficou na faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,36. “Lançamos a oferta no topo da faixa de avaliação e a oferta embute um prêmio de 6% em relação ao fechamento”, disse ele. O executivo avaliou que a Cielo vem perdendo participação no mercado, e esse encolhimento está expresso nos preços das ações.