A Gol, que está em recuperação judicial, recebeu na segunda-feira (12) a permissão de um tribunal dos Estados Unidos para investigar supostos esforços da rival LATAM Airlines para adquirir aeronaves Boeing 737 da companhia aérea brasileira.
A Gol acusou a LATAM, sediada no Chile, de tirar proveito da situação da companhia brasileira, tentando se apropriar de suas aeronaves, contratar seus pilotos e desencorajar agentes de viagem a reservar voos com a Gol.
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Em uma audiência judicial em Manhattan, o advogado da Gol, Andrew Leblanc, disse ao juiz de falências dos EUA, Martin Glenn, que a empresa precisa investigar se as táticas da LATAM violaram a lei de falências dos EUA. “Sentimos que estamos sendo atacados por um concorrente em nosso mercado, um ataque muito bem planejado”, disse Leblanc.
Glenn ordenou que a LATAM fornecesse documentos à Gol e disponibilizasse três de seus executivos para entrevistas com os advogados da companhia brasileira a fim de explicar seu recente esforço para adquirir mais aeronaves de empresas que atualmente arrendam seus aviões à Gol.
O juiz disse que é “absurdo” acreditar que foi mera coincidência o fato de a LATAM ter iniciado suas abordagens no dia seguinte ao pedido de falência da Gol.
O advogado da LATAM, Kyle Ortiz, reconheceu que a carta enviada aos proprietários de aeronaves em 26 de janeiro “não foi uma mera coincidência” e foi a primeira vez nos últimos anos que a LATAM tentou adquirir aeronaves Boeing 737 e 737 Max. Mas ele disse que a empresa não foi motivada apenas pela falência da Gol e que estava simplesmente tentando obter aviões de grandes empresas que arrendam aeronaves para a Gol, LATAM e outras companhias aéreas. “Precisamos de aviões”, disse Ortiz. “Se estamos procurando 737s, é para lá que temos que ir.”
Glenn não aprovou o pedido da Gol para investigar um recente anúncio de emprego da LATAM que buscava pilotos qualificados pela Boeing no Brasil, dizendo não haver evidências de que a LATAM tivesse entrado em contato especificamente com os pilotos da Gol.
O advogado da Gol disse que a empresa pode voltar ao tribunal mais tarde para investigar as comunicações da LATAM com agentes de viagem, mas não pediu a Glenn que autorizasse uma investigação formal na segunda-feira.
A Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em 25 de janeiro.
A Gol disse que tem enfrentado dificuldades com o impacto persistente da pandemia da Covid e que teve dificuldades em adquirir aeronaves Boeing 737 Max suficientes para atender a um aumento na demanda pós-pandemia.
A produção da aeronave pela Boeing foi prejudicada por uma série de crises nos últimos anos, incluindo uma pausa na produção em 2020 que se seguiu a dois acidentes fatais e um mau funcionamento recente durante o voo, no qual um painel lateral explodiu em um avião de passageiros.