O Ibovespa fechou em queda de 0,5% nesta sexta-feira, após dados fortes do mercado de trabalho dos Estados Unidos aumentarem as incertezas sobre os próximos movimentos de política monetária na maior economia do mundo. Na B3, as ações da Petrobras tiveram mais uma sessão volátil com os ruídos envolvendo a troca de comando da estatal.
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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou a 126.795,41 pontos, acumulando queda de 1,02% na semana. Na máxima do dia, chegou a 127.432,2 pontos. Na mínima, a 126.394,13 pontos. O volume financeiro somou R$ 20,8 bilhões.
Os Estados Unidos abriram 303.000 vagas de emprego fora do setor agrícola em março, de acordo com o Departamento do Trabalho, superando estimativas compiladas pela Reuters que variavam de 150.000 a 250.000. A média de ganhos por hora subiu 0,3% em março e a taxa de desemprego caiu a 3,8%.
Ao final do dia, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano avançava a 4,3996%, de 4,309% na véspera, uma vez que os números sustentam as dúvidas sobre o efeito na inflação e nos próximos passos do Federal Reserve.
O “payroll” ter ficado bem acima do esperado, segundo o analista de investimentos Gabriel Mollo, do Banco Daycoval, impacta os prognósticos de que o banco central dos EUA irá promover três cortes na taxa de juros ainda neste ano, conforme projeções da própria autoridade monetária.
“Essa ideia… começa a cair por terra já que os indicadores econômicos norte-americanos continuam bem fortes.”
Na visão da diretora do Fed, Michelle Bowman, não é hora de o banco central dos EUA considerar a possibilidade de reduzir sua taxa básica de juros.
Embora a inflação tenha arrefecido e seja provável que continue a se aproximar da meta de 2%, “ainda não chegamos ao ponto em que seja apropriado reduzir a taxa de juros e continuo a ver vários riscos de alta para a inflação”, afirmou Bowman em um discurso no Shadow Open Market Committee em Nova York.
Em Wall Street, porém, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, subiu 1,11%, uma vez que os números mostram uma economia robusta.
De acordo com o gestor de renda variável César Mikail, da Western Asset, o quadro de economia resiliente mesmo com os juros em um patamar alto alimenta expectativa de que o crescimento dos EUA deve ficar acima do esperado, o que deveria se refletir nos resultados das empresas.
“No Brasil, é outra história”, afirmou Mikail, destacando como um dos componentes negativos os ruídos recentes envolvendo a Petrobras.
Ele acrescentou que esse tipo de ambiente é ruim para o mercado, afirmando que isso não atrai o capital externo, pelo contrário, espanta. O estrangeiro “gosta de transparência, de tranquilidade para investimentos”, afirmou o gestor da filial brasileira da Western Asset, gestora global com sede nos EUA.
DESTAQUES
– PETROBRAS PN avançou 0,58%, a R$ 38,10, com o papel ainda volátil pelos recentes ruídos sobre a troca no comando da estatal, bem como eventual distribuição de dividendos extraordinários que foram retidos pela administração. Na véspera, a Petrobras disse que não há decisão quanto à distribuição de dividendos extraordinários, lembrando que a competência para aprovar a destinação do resultado, incluindo a remuneração a acionistas, é da assembleia geral de acionistas, que será realizada no dia 25 de abril. No exterior, o barril de petróleo Brent fechou com elevação de 0,57%.
– VALE ON perdeu 1,09%, a R$ 59,71, em mais uma sessão sem o referencial dos preços do minério de ferro na China por feriado naquele país.
– PETRORECONCAVO ON caiu 4,27%, a R$ 21,05, tendo no radar números operacionais da companhia em março, quando a produção consolidada — petróleo e gás — somou 25.645 barris de óleo equivalente (boe) por dia, queda de 2% na comparação mensal.
– MAGAZINE LUIZA ON fechou em baixa de 3,39%, a R$ 1,71, após desempenho forte na véspera, com setores mais sensíveis a juros como um todo sofrendo na bolsa nesta sessão, na esteira da alta das taxas dos contratos de DI, seguindo o movimento no mercado de títulos dos EUA. O índice do setor de consumo recuou 1,09%.
– IRB(RE) ON disparou 13,21%, a R$ 42,35, tendo como pano de fundo relatório de analistas do Citi elevando a recomendação das ações para “compra”, bem como o preço-alvo de 44 para R$ 47. “Com resultados positivos em todos os trimestres de 2023, uma impressão forte em janeiro de 2024 e uma mensagem mais otimista sobre os sinistros rurais no primeiro trimestre, agora estamos mais confortáveis com a situação”, argumentaram.
– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 0,18%, a R$ 32,73, enquanto BRADESCO PN caiu 0,27%, a R$ 14,52.