O dólar zerou seus ganhos frente ao real nesta quarta-feira (15), depois que importantes dados de inflação dos Estados Unidos vieram um pouco abaixo do esperado. Tudo isso compensou a notícia sobre a troca de comando da Petrobras, que levantou temor de interferência política na estatal.
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Às 12h30 (de Brasília), o dólar à vista caía 0,08%, a R$ 5,1258 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,03%, a R$ 5,1345 na venda.
Apesar do clima doméstico avesso ao risco, o exterior fornecia suporte ao real. O dólar foi devolvendo gradativamente seus ganhos frente à divisa brasileira a partir das 9h30 (de Brasília), depois que dados mostraram que os preços ao consumidor dos Estados Unidos aumentaram menos do que o esperado em abril.
O índice de preços ao consumidor subiu 0,3% no mês passado, depois de avançar 0,4% em março e fevereiro, informou o Departamento do Trabalho nesta quarta-feira (15). Nos 12 meses até abril, o índice teve alta de 3,4%, de 3,5% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,4% no mês e de 3,4% no comparativo anual.
O resultado sugere que a inflação norte-americana retomou sua tendência de queda no início do segundo trimestre, em um impulso para as expectativas do mercado financeiro de um corte na taxa de juros em setembro.
Os contratos futuros dos juros dos EUA passaram a embutir uma chance de 73% de que a primeira redução na taxa básica do Fed ocorra na reunião de setembro, acima dos 69% de antes do relatório.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes perdia mais de 0,60%, nas mínimas do dia.
No geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de “carry trade”, em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
No Brasil, a Petrobras informou em fato relevante na terça-feira que recebeu de seu presidente-executivo, Jean Paul Prates, solicitação para que o conselho de administração da estatal se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como CEO.
Em fato relevante posterior, a empresa afirmou que o Ministério de Minas e Energia manifestou a intenção de indicar Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), como substituta de Prates.
As notícias derrubaram os papéis da petroleira no pós-mercado da bolsa de Nova York, em meio a riscos para a governança citados por analistas, e o impacto negativo se estendeu para a abertura dos mercados domésticos nesta quarta-feira, com o dólar chegando a avançar cerca de 0,80% apesar do exterior ameno.
Em relatório a clientes, o Goldman Sachs avaliou a mudança no comando da Petrobras como notícia negativa. “Com base em nossas conversas com investidores, acreditamos que o mercado viu o Prates como um bom conciliador entre interesses dos investidores e do governo. Além disso, acreditamos que o anúncio de hoje pode reacender preocupações sobre a potencial intervenção política na empresa”, explicou o banco.
Mais cedo, aliviando um pouco o humor doméstico, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que a autoridade monetária tem a obrigação de manter os juros em patamar suficientemente restritivo para levar a inflação à meta. Isso é uma tentativa de passar credibilidade após temores recentes do mercado de que os diretores do BC indicados pelo atual governo deixariam o perfil do Copom mais leniente a partir de 2025.
Falando em eventos separados, Galípolo e o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, procuraram amenizar discordâncias e reforçaram postura dura para alcançar a meta de inflação.
Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,1300 na venda, em baixa de 0,42%.