A Petrobras (PETR4) informou, na noite desta terça-feira, a saída de Jean Paul Prates do comando da estatal. Em um breve comunicado, a empresa informou que “recebeu nesta noite de seu Presidente, Sr. Jean Paul Prattes, solicitação de que o Conselho de Administração da Companhia se reúna para apreciar o encerramento antecipado de seu mandato como Presidente da Petrobras de forma negociada.”
Segundo o comunicado “adicionalmente, o Sr. Jean Paul informou que, uma vez aprovado o encerramento indicado, ele pretende apresentar sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da Petrobras.”
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Na presidência da estatal desde o início do governo Lula, Prates entrou em rota de colisão com o Executivo em março, quando decidiu reter os dividendos extraordinários que a estatal pagaria a seus acionistas – o maior deles é o próprio governo. Sem os polpudos dividendos da estatal, ficaria mais difícil equilibrar as contas públicas, o que desagradou Lula.
Em conversas com a equipe, Prates comunicou que sua sucessora é Magda Chambriard, funcionária de carreira da estatal que foi diretora da Agência Nacional de Petróleo (ANP) entre 2012 e 2016, durante o governo de Dilma Rousseff. Antes de ingressar na ANP, ela trabalhou durante 22 anos na estatal. Engenheira, atua como consultora na área de energia e petróleo.
(atualização)
Em um comunicado divulgado às 22:44, o Ministério das Minas e Energia (MME) confirmou a indicação de Chambriard. “A indicação será submetida aos procedimentos internos de governança corporativa, incluindo as respectivas análises de conformidade e integridade necessárias ao processo sucessório da Companhia, com apreciação pelo Comitê de Pessoas e pelo Conselho de Administração, nos termos do artigo 150 da Lei 6.404/76 e dos artigos 20 e 25 do Estatuto Social da Companhia”, segundo o Comunicado. No texto, a Petrobras informa que Chambriard “iniciou sua carreira na Petrobras, em 1980, atuando sempre na área de produção, onde acumulou conhecimentos sobre todas as áreas em produção no Brasil”.
Analistas não gostam
A notícia saiu quando os pregões em São Paulo e em Nova York já haviam encerrado suas atividades. No entanto, os American Depositary Receipts (ADR) da Petrobras ainda eram negociados no pós-mercado (after market) em Wall Street. A reação foi ruim. As ADRs da Petrobras fecharam no pós-mercado com uma queda de cerca de 8%.
Analistas ouvidos pela Forbes preveem uma abertura das ações em forte baixa no pregão desta quarta-feira (15). A decisão foi “péssima”, avalia Flávio Conde, analista da Levante Investimentos. “Não especificamente pela pessoa que vai entrar, mas porque mostrou que a interferência política segue enorme na companhia”, diz ele.
Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos, avalia que haverá um forte impacto no curtíssimo prazo. “O processo de fritura do Jean Paul Prates é muito ruim, essa interferência do governo pega muito mal”, diz ele. “Prova disso é a queda dos ADRs em Nova York.” Segundo Marcatti, a mudança não deverá alterar radicalmente os resultados da estatal, mas é uma sinalização ruim. “A ação deverá sofrer nos próximos dias”, afirma Pedro Lang economista e sócio da Valor Investimentos.
Para Conde, da Levante, “é absurdo que uma empresa estratégica como a Petrobras tenha tido oito presidentes em quatro anos”. Segundo ele, isso é uma das explicações por que as ações da estatal estão sendo negociadas mais barato que suas concorrentes. “A Petrobras está cotada a 4,5 vezes lucro, ao passo que a Exxon está valendo 7 vezes lucro e a PetroChina vale 10 vezes lucro”, diz ele. “Isso mostra como a ingerência do governo repercute negativamente junto aos investidores.”