A economia do Brasil abriu o segundo trimestre com estagnação em abril depois de ter apresentado desempenho positivo no início do ano, frustrando fortemente as expectativas.
Em abril, o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve variação positiva de 0,01% na comparação com o mês anterior, em dado dessazonalizado.
O resultado marcou uma melhora em relação à queda de 0,36% do indicador em março, mas ficou bem aquém da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,45%.
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“A atividade agro de alguma forma teve uma dinâmica pior nesse bimestre (março e abril). A gente vem de uma supersafra do ano passado, e agora este ano tem enfrentado todos os problemas referentes ao El Niño e todos os problemas do Rio Grande do Sul, que ainda nao apareceram nos dados”, avaliou Lucas Barbosa, economista da AZ Quest.
“São pequenos sinais de que a atividade está um pouquinho mais fraca nesse último bimestre, mas ainda temos uma visão positiva do segundo trimestre”, completou.
Os dados do BC mostram ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 4,01%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 1,81%, de acordo com números observados.
O PIB do Brasil retomou o crescimento no primeiro trimestre com expansão de 0,8%, de acordo com dados do IBGE, em um ambiente de inflação sob controle, aumento da renda e mercado de trabalho aquecido, condições que favorecem o consumo.
Ao longo do ano a atividade econômica deve ser favorecida ainda pelos efeitos do afrouxamento monetário promovido pelo BC, que já levou a taxa básica Selic a 10,5% ao ano, com os efeitos sobre o crédito potencialmente se tornando mais evidentes.
No entanto, pairam algumas dúvidas em relação ao ritmo dos cortes de juros. O BC volta a se reunir na próxima semana, com a perspectiva de interrupção do afrouxamento monetário no radar.
O desempenho da atividade no segundo trimestre também deve refletir os desdobramentos econômicos da tragédia provocada pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul.
Pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostra que a expectativa para a expansão do PIB este ano é de 2,09%, indo a 2,0% em 2025.
A estagnanação da atividade em abril se deu mesmo com a alta das vendas varejistas e do volume de serviços, que avançaram respectivamente 0,9% e 0,5%.
O peso ficou por conta da produção industrial, que iniciou o segundo trimestre com queda maior do que a esperada em abril, de 0,5%, e interrompendo dois meses seguidos de altas.
“A nosso ver, a estabilidade do IBC-Br reflete sinais mistos dos indicadores de atividade econômica. Os primeiros sinais do IBC-br para o segundo trimestre apontam para um desempenho mais moderado do que o observado no início de 2024”, disse Rodolfo Margato, economista da XP, destacando o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul na atividade em maio.
O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.