Com a bolsa de valores em queda, como temos visto nas últimas semanas, muitos investidores ficam hesitantes e receosos quanto a possíveis perdas.
Compreendo que as pessoas não fiquem confortáveis ao ver que o saldo de seus investimentos em renda variável está mais baixo do que o montante inicialmente investido. Afinal, ninguém investe para perder dinheiro. Mas a questão é: o prejuízo só se realiza no momento em que você vende suas posições.
Sendo assim, se você possui investimentos com foco no longo prazo e montou um portfólio com ativos de empresas sólidas e perenes, não há motivo para entrar em pânico.
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Por que o mercado cai?
O mercado é cíclico e normalmente reage aos acontecimentos que são recorrentes ao longo da história: aumento da inflação, divulgação dos resultados das empresas, poder político mudando de mãos, guerras, crises de abastecimento, crises sanitárias, questões ambientais e energéticas, entre outros.
As empresas listadas em bolsa estão inseridas na sociedade, exatamente como tudo mais. Portanto, estão suscetíveis aos movimentos cotidianos da política e da economia, tanto nacional quanto internacional.
O valor das empresas é determinado por seus resultados e pelas perspectivas de mercado. Logo, se a política e a economia passam por incertezas, as cotações dessas ações expressam isso. Esse movimento é absolutamente normal.
O que fazer quando a bolsa de valores está em queda?
A primeira coisa a fazer é manter a calma. Não ceda ao impulso defensivo de sair vendendo suas ações para “evitar perder mais”. Você não perdeu nada! Continua tendo a mesma quantidade de ativos, só que nesse pequeno recorte temporal, seus ativos estão expressos por uma menor quantidade de dinheiro. Eles não seguirão assim para sempre, afinal, a economia é cíclica. Lembra?
Se você possui uma estratégia de investimentos para longo prazo pautada em crescimento patrimonial, este momento de queda da bolsa pode ser uma excelente oportunidade para usar aquela reserva de oportunidade que está investida em um fundo de liquidez diária e aumentar suas posições em ações de empresas que fazem parte de sua estratégia e que, neste momento, estão mais baratas.
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Em outras palavras: hora de ir às compras! Afinal, não é exatamente isso que você faz quando sua loja de roupas favorita faz queima de estoque?
Se você considera a liquidação de bens de consumo no shopping uma oportunidade de comprar mais por menos, por que quando a liquidação é na bolsa de valores, você entende de forma inversa e acha que está perdendo dinheiro?
É claro que esse raciocínio se aplica ao investidor de longo prazo, que tem uma carteira montada com base nas suas metas e com ativos sólidos. Se, ao contrário disso, você tem em carteira ativos ruins, ou comprou para fazer trade sem o devido conhecimento de mercado para tal, aí preciso ser brutalmente honesto com você: o problema não está na queda da bolsa, mas na sua falta de estratégia de investimento.
Como transformar o mercado financeiro em seu aliado
Como educador financeiro, meu papel é te ajudar a usar o mercado a seu favor, e aqui, deixo algumas dicas que podem ser úteis para o seu dia a dia como investidor:
- A renda variável é a melhor forma de multiplicar patrimônio a longo prazo, e tudo é uma questão matemática: quanto maior a rentabilidade, maior o risco e vice-versa;
- Nada sobe ou cai para sempre, pois a economia é cíclica;
- Quem promete altos ganhos com risco baixo ou até sem riscos, não sabe o que está falando ou está mentindo para você;
- Você é responsável pelas escolhas que faz, portanto, estude, planeje e não tenha vergonha de recorrer a ajuda de profissionais experientes. Decisões impulsivas ou sem fundamentos sólidos podem causar grandes prejuízos;
- Ficar girando sua carteira o tempo todo, ao sabor do noticiário político e econômico, só faz migrar o dinheiro do seu bolso para o bolso do mercado. Portanto, tenha um planejamento claro com alocações de curto, médio e longo prazo, em linha com suas metas pessoais;
- Fazer trade é uma profissão que requer muito estudo. É necessário acompanhar o mercado o tempo todo, ler gráficos de tendências e, principalmente, ter o equilíbrio de usar, no trade, a parcela do patrimônio destinada a alto risco. No day trade, risco e retorno são proporcionais. Assim como você pode ganhar muito dinheiro rapidamente, pode perdê-lo com a mesma velocidade;
- Investimento de longo prazo é aquele dinheiro que você tem certeza de que não precisará utilizar em 8 ou 10 anos. Leve isso em conta ao escolher os ativos que vai colocar na carteira;
- Seus maiores amigos são os juros compostos e a diversificação. No caso dos juros, o tempo é o expoente a seu favor, e a diversificação protege seu patrimônio através de uma exposição planejada.
As grandes empresas listadas em bolsa estão aqui há muito tempo. Atravessaram guerras, crises sociais, políticas e financeiras dos mais variados tipos, passaram por inúmeros governos e continuarão assim.
Estude as empresas nas quais pretende investir, e só coloque em carteira ativos que você entenda perfeitamente. No longo prazo, a performance de empresas bem geridas se sobrepõe às questões circunstanciais que derrubam bolsas de valores em alguns momentos.
Sendo assim, quem define se o mercado é seu aliado ou seu adversário é você, através das escolhas que faz. O ideal é que elas sejam feitas de maneira consciente e como resultado de muito estudo. Com isso, você terá tranquilidade para fazer o que deve ser feito nos momentos de queda: aproveitar as oportunidades.
Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI, pós graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos da Anhembi Morumbi, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.
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