A Eletrobras informou nesta segunda-feira que assinou acordo para venda de seu portfólio de termelétricas a gás natural para a Âmbar Energia, em operação de R$ 4,7 bilhões que também resolve um problema com créditos bilionários a receber da distribuidora de energia do Amazonas.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Para a Âmbar, empresa do conglomerado J&F, a operação marca uma diversificação dos negócios para dois novos Estados e eleva a capacidade instalada do grupo a 4,6 gigawatts (GW) de potência.
Segundo a Eletrobras, o acordo envolve um “earn-out” de 1,2 bilhão de reais e prevê que a Âmbar assuma imediatamente o risco de crédito dos contratos de energia associados às 13 usinas, sendo 12 em operação e um projeto para implantação, que juntas somam 2 GW de potência.
Com 11 dessas usinas localizadas no Amazonas, a energia gerada por elas está contratada principalmente junto à Amazonas Energia, distribuidora que foi privatizada em 2018 pela Eletrobras ainda estatal e que corre risco de caducidade do contrato de concessão.
Mesmo sob gestão privada, a concessionária não conseguiu reverter sua situação econômico-financeira e ainda acumula uma inadimplência de R$ 10 bilhões com a Eletrobras.
Com o negócio anunciado nesta segunda-feira, a Âmbar ainda assumirá pagamentos da Amazonas Energia relativos ao fornecimento mensal de eletricidade feito pela Eletrobras, disse uma fonte com conhecimento do tema.
A distribuidora amazonense havia deixado de realizar esses pagamentos desde novembro do ano passado, o que levou a provisionamento nas últimas demonstrações financeiras da Eletrobras e a ações por parte da empresa, inclusive legais, para garantir o recebimento de créditos.
Na hipótese de uma operação de transferência do controle da Amazonas Energia, conforme cogitado pelo Ministério de Minas e Energia, a Eletrobras cederá para a Âmbar a totalidade dos créditos que detém relativos a contratos correntes e de confissão de dívidas da Amazonas, de quase 10 bilhões de reais.
Em contrapartida, a companhia terá uma opção de compra, “possibilitando a captura do benefício econômico fruto da recuperação operacional e financeira da distribuidora”.
“Desta forma, a Eletrobras abre caminho para recuperação destes créditos, hoje considerados inexequíveis (100% provisionados no balanço da companhia)”, disse a empresa, em nota.
A maior companhia de energia da América Latina destacou ainda que o negócio reflete seu compromisso de mitigar riscos operacionais e financeiros, avançar na otimização de seu portfólio e alocação de capital, além de acelerar o atingimento de sua meta “net zero 2030”.
“Tivemos um processo competitivo com alto engajamento, o que nos possibilitou uma valoração adequada dos ativos, a mitigação do risco relacionado a inadimplência corrente. Também chegamos a uma alternativa compreensiva para futura recuperação de valor de nossos créditos contra a distribuidora”, destacou o vice-presidente de Estratégia e de Desenvolvimento de Negócios da Eletrobras, Elio Wolff.
Âmbar amplia operação
A Âmbar, por sua vez, amplia sua atuação geográfica para dois novos Estados com as novas usinas e chega a 4,6 GW de potência, entre térmicas, hidrelétricas, fotovoltaicas e a biogás.
A empresa de energia da J&F vem ampliando rapidamente seus negócios, tendo comprado recentemente usinas da Engie, da Copel e da própria Eletrobras em operação no ano passado. Os ativos recém-adquiridos registraram em 2023 uma receita liquida de 2,4 bilhões de reais e Ebitda de 1,1 bilhão, segundo dados da Eletrobras.
As empresas também anunciaram nesta segunda-feira o aditamento de uma opção de compra assinada anteriormente referente ao complexo eólico Baleia. O aditamento permite à Eletrobras assumir o resultado integral do direito de recebimento à ação de cobrança sobre a indenização securitária, ainda em discussão com a seguradora.