O cenário econômico brasileiro está favorável para investimentos em private equity, que se referem a investimentos em empresas de capital fechado com potencial de crescimento a médio e longo prazo. No entanto, o risco fiscal é uma sombra que preocupa os investidores nesse mar de oportunidades.
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“Apesar dos recentes dados econômicos mostrarem uma melhoria, enfrentamos hoje uma situação de risco fiscal que desvaloriza nossa moeda e impacta os investimentos”, afirma Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual, durante o congresso da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), realizado de 10 a 12 de junho.
Segundo Mansueto, o Brasil tem apresentado recordes na balança comercial nos últimos três anos, atingindo um superávit de US$ 98,8 bilhões em 2023. A expectativa é que o país mantenha saldos anuais de balanço comercial em torno de US$ 96 bilhões nos próximos anos.
Ele também destacou que a economia brasileira saiu da pandemia em uma situação melhor do que o previsto pelo mercado. Em 2019, a dívida pública brasileira estava em 75,8% do PIB, subiu para 87,6% do PIB em 2020, mas terminou 2022 em 73,5% do PIB, abaixo do patamar pré-pandemia.
Contudo, a preocupação recai sobre o atual governo, que não conseguiu manter a trajetória de redução da dívida. Em 2023, a dívida fechou em 84,7% do PIB, com previsões de atingir 86,7% no final do ano e um pico de 93,9% em 2029.
“O problema não é o nível elevado da dívida, mas a incerteza sobre se ela vai parar de crescer, se estabilizar ou começar a cair”, explica Mansueto. “Hoje, ninguém consegue responder. Segundo cálculos do próprio governo, o plano fiscal não é consistente”.
O risco fiscal faz os juros longos subirem, o que interfere nos investimentos em private equity. Atualmente, a taxa de juros longos (NTN-B) está em 6%, similar ao nível de 2016, quando o Brasil enfrentava recessão e o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Apesar das melhorias econômicas, enfrentamos um risco macroeconômico que se reflete na desvalorização da nossa moeda e na forte queda da bolsa de valores brasileira. Este ano, o Real está entre as cinco piores moedas do mundo, competindo com a moeda argentina e a mexicana”.