A Microsoft não atingiu as estimativas de Wall Street para o crescimento trimestral do Azure, seu serviço de computação em nuvem. Foi mais um sinal de que pode levar mais tempo para as big techs se beneficiarem dos altos gastos com inteligência artificial (IA).
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, apesar de números melhores que o esperado em nível geral, o crescimento do seu segmento de Cloud ficou aquém do esperado, o que acabou não sendo bem recebido pelo mercado. “O segmento ganhou muita importância nos últimos tempos com a competição com Amazon e Google, em especial no armazenamento de dados para desenvolvimentos de modelos de IA”, diz.
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A abertura do dado mostra que a receita do Azure e de outros serviços em nuvem cresceram 29% no trimestre. Analistas esperavam um crescimento da ordem de 31%. Segundo a Microsoft, do crescimento do Azure e de outros serviços em nuvem, oito pontos percentuais vieram dos serviços de AI.
A Microsoft disse que a receita de sua unidade Intelligent Cloud — lar da plataforma de computação em nuvem Azure — foi elevada a US$ 28,5 bilhões (R$ 161 bilhões) no trimestre encerrado em 30 de junho, abaixo das estimativas dos analistas de US$ 28,68 bilhões, segundo dados da LSEG.
A perda das estimativas ocorre em um momento em que a empresa tem investido bilhões em data centers para se preparar para um possível aumento na demanda por serviços de IA. A Microsoft afirma que o gasto é necessário para ampliar sua rede global de data centers e superar as barreiras de capacidade que dificultavam seus esforços para atender à demanda por IA.
Big techs no vermelho
As ações da empresa sediada em Redmond, Washington, caíam 7% no pós-mercado em Nova York, após a divulgação do balanço na noite de terça-feira (30). O movimento provocava uma venda generalizada nas principais ações de tecnologia.
Já no pré-mercado na manhã desta quarta-feira (31), a ação da Meta caía cerca de 3%, enquanto a da Amazon perdia 2,8%. Apple, Alphabet e Tesla recuavam cerca de 0,5% cada.
Nos últimos 12 meses, as ações da Microsoft subiram quase 25%, impulsionadas pelo otimismo em relação à empresa ser pioneira na corrida da IA, graças aos seus investimentos na fabricante do ChatGPT, a OpenAI.
Mas parte desse entusiasmo dos investidores deu lugar nas últimas semanas a preocupações de que os gastos elevados em infraestrutura de IA possam render pouco no curto prazo. Neste mês, as ações da Microsoft caem quase 6%.
Os resultados trimestrais decepcionantes da Microsoft derreteram US$ 340 bilhões (R$ 1,9 trilhão) em valor de mercado da companhia nesta terça-feira, afetando tanto a Microsoft quanto seus rivais que competem para dominar a inteligência artificial.
“Os investidores estão ansiosos para observar mais resultados dos investimentos massivos em IA”, disse Daniel Morgan, gerente sênior de portfólio da Synovus Trust. “É isso que está bagunçando tudo. As ações foram negociadas muito acima em antecipação a esses relatórios”, emedou.
Mas nem todas
Enquanto o balanço da Microsoft prejudicava papéis de outras big techs, as ações da AMD subiam mais de 6%. A companhia reage à previsão de receita a para o terceiro trimestre, em meio à aposta de uma forte demanda por seus chips de IA.
Já as ações da Nvidia, cujos processadores são o padrão em computação de IA, subiam 2,6%. Broadcom, que também vende chips ligados à IA, avançava 1,4%. Intel e Qualcomm subiam quase 1% cada.