Frases como “Faz um bet aê” e “deu green” se tornaram parte do dialeto popular brasileiro. As expressões refletem o crescimento explosivo das apostas esportivas no país.
Conhecidas por seus contratos milionários com clubes de futebol, as empresas de apostas ainda estão em ascensão. Afinal, a regulamentação do setor de jogos e apostas on-line é recente, de dezembro de 2023.
Mas as bets têm uma estimativa de receita anual entre R$ 8 bilhões e R$ 20 bilhões, conforme relatório do Itaú BBA.
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Em busca de visibilidade entre os brasileiros, essas empresas direcionam, em média, R$ 9 milhões por ano com marketing. O montante representa entre 45% e 75% das receitas e é significativamente alto em comparação com outros mercados globais.
“No Reino Unido, um mercado mais maduro onde as apostas foram regulamentadas há 19 anos, o gasto com marketing gira em torno de 20% da receita bruta. Nos Estados Unidos, onde o mercado de apostas ainda está em expansão, as empresas ainda investem cerca de 30% de suas receitas em marketing,” destaca o relatório do banco, assinado por Luiz Cherman e Pedro Duarte.
Impacto além do bolso
Com campanhas agressivas, os brasileiros gastaram R$ 68,2 bilhões em apostas no último ano. Porém, no balanço entre vitórias e derrotas, os apostadores perderam R$ 23,9 bilhões. As estimativas são do Itaú, cujo cálculo inclui tanto os valores apostados quanto os valores recebidos pelos apostadores ao vencerem apostas.
Um estudo recente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) revelou que 60% dos brasileiros que já fizeram alguma aposta esportiva perderam dinheiro. Com isso, há um comprometimento maior dos seus orçamentos pessoais.
Por isso, esse novo hábito de consumo tem chamado a atenção das autoridades. O Brasil ocupa a terceira posição mundial em consumo de casas de apostas, atrás apenas dos EUA e da Inglaterra, segundo dados da Comscore, empresa de análise de dados.
Com cassinos online e jogos de azar disponíveis na palma da mão, o número de jogadores compulsivos tem aumentado. A estimativa é de que cerca de dois milhões de brasileiros enfrentam a ludopatia. A doença é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno de controle de impulsos, caracterizada pelo desejo incontrolável de continuar jogando, apesar das consequências negativas.
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A lei sancionada em dezembro de 2023 prevê a tributação das empresas operadoras de apostas assim que elas começarem a operar oficialmente em território nacional. Em julho, o Ministério da Fazenda publicou uma portaria com regras para apostas e jogos online, mas novas portarias ainda serão necessárias para a aplicação total da lei.
O governo prevê arrecadar R$ 12 bilhões por ano. Segundo estimativas da Fazenda, o setor de apostas esportivas movimentou R$ 120 bilhões em 2023, um aumento de 71% em comparação com 2020.