A Bolsa de Tóquio registrou nesta segunda-feira (5) a maior perda em um único dia desde a Segunda-feira Negra de 1987. O movimento do mercado acionário japonês dá continuidade às perdas dos mercados acionários globais na semana passada, renovando a forte onda vendedora (sell off) neste início de semana.
Além disso, também pesaram os temores de que os investimentos financiados por um iene barato estivessem sendo desfeitos. A moeda japonesa atingiu os níveis mais altos em relação ao dólar desde janeiro também nesta segunda-feira.
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De um modo geral, os mercados globais estão ampliando os movimentos desencadeados na semana passada, quando o Federal Reserve sinalizou corte na taxa de juros dos Estados Unidos em setembro. Porém, dados fracos sobre o mercado de trabalho norte-americano fomentaram preocupações com uma recessão e alimentaram expectativas de cortes mais profundos pelo Fed.
Esse sentimento soma-se a uma série de balanços corporativos fracos de grandes empresas de tecnologia. Como resultado, tem-se uma liquidação global dos ativos de risco, que se espalha entre as ações, o petróleo e moedas de alto rendimento.
As ordens de vendas continuam nesta segunda-feira, com os rendimentos dos títulos dos EUA (Treasuries) caindo ainda mais. O bitcoin também despenca e o dólar perde terreno, principalmente para o iene.
Sell-off global
O índice acionário japonês Nikkei 225 caiu 12,4%. Esse foi o pior resultado em termos percentuais desde o crash de outubro de 1987, conhecido como “Black Monday”. Com isso, a Bolsa de Tóquio entrou em território baixista, devido à queda de 27% em relação ao pico em 11 de julho.
Já o iene dispara quase 3% em relação ao dólar, cotado a 142,17 por dólar. A moeda japonesa sobe cerca de 15% em menos de um mês, impulsionado, em parte, pelo aumento da taxa de juros pelo Banco do Japão (BoJ) na semana passada e pela desvalorização das operações de carregamento (carry trade) financiadas pelo iene.
“O rápido movimento [de valorização] do iene pressiona as ações japonesas para baixo”, explica Kyle Rodda, analista sênior do mercado financeiro da Capital.com. “O que há, basicamente, é uma rápida reversão [desalavancagem], já que os investidores vendem ativos para financiar suas perdas”, emenda.
Vale lembrar que os investidores tomaram risco – ou seja, se alavancaram – assumindo empréstimos em ienes para comprar outros ativos, principalmente ações de tecnologia dos Estados Unidos. Aliás, em Nova York, os índices futuros das bolsas norte-americanas têm fortes perdas, lideradas pelo Nasdaq, que desabe 5,3%.
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“Em resumo, não apenas a moeda [japonesa], mas todos os ativos de ‘valor’ no Japão, que ‘sequestraram’ o nosso mercado por dois anos, está sendo desfeito, com reflexos no mundo”, disse Richard Kaye, gerente de portfólio da Comgest, em Tóquio.