O Grupo Casas Bahia divulgou nesta quarta-feira (7) lucro líquido de R$ 37 milhões no segundo trimestre. O resultado positivo reverte prejuízo de R$ 492 milhões apurado no mesmo período de 2023 e ocorre exatamente um ano após o lançamento do plano de reestruturação da empresa.
Já o indicador operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado apresentou queda de 3,5% no comparativo anual, para R$ 452 milhões. Ainda assim, o declínio é menor que o observado no primeiro trimestre deste ano. Com isso, a margem Ebitda ajustada ficou 0,7 ponto percentual acima do resultado de um ano antes, em 7%.
Leia também
Segundo o presidente-executivo da companhia, Renato Franklin, o terceiro trimestre de 2024 será de crescimento. “O segundo trimestre foi o ponto de inflexão. Agora a gente vai ter um [trimestre] de crescimento, não é um crescimento astronômico, mas é um crescimento marginal”, afirmou.
“Ainda é uma preparação e a gente vai ver mais crescimento no quarto trimestre, mas sim, o terceiro trimestre já é um pouco melhor do que o segundo”, acrescentou.
Com isso, 12 meses após iniciar seu plano de reestruturação, com o objetivo de reduzir estoques, o grupo de varejo agora inicia uma segunda fase com “investimentos seletivos” em categorias-chave para a companhia. Entre eles, eletrodomésticos, eletroportáteis, móveis, televisores e celulares.
Neste período, a Casas Bahia reduziu o nível dos estoques para 82 dias, ante 97 dias no segundo trimestre de 2023 ou R$ 1,4 bilhão a menos. A empresa também concluiu a migração da venda de 23 subcategorias de produtos para seu marketplace. Na plataforma de comércio eletrônico do grupo houve um crescimento de 5,1% no volume bruto de mercadorias (GMV) na comparação com os primeiros seis meses do ano passado.
Ação dispara
Em reação, as ações da Casas Bahia chegaram a disparar 25% nesta quinta-feira (8). Por volta de 15h, os papéis da Casas Bahia saltavam 23,65%, a R$ 5,28. Na máxima até o momento, subiu a R4 5,34 (+25,06%). No ano, porém, as ações da empresa ainda acumulam queda de pouco mais de 50%.
Para Andréa Aznar, analista do BB Investimentos, apesar de a companhia ter conseguido entregar os primeiros resultados previstos no plano de reestruturação, a relação risco-retorno permanece desequilibrada. Segundo ela, as consecutivas quedas na receita também geram incertezas sobre a capacidade de reversão.
“Somado a isso, o cenário macroeconômico de taxa Selic elevada e uma demanda ainda tímida para bens duráveis não contribuem para um horizonte mais positivo até meados de 2025″, diz.
Já na visão analistas do Bradesco BBI, a pressão do chamado plano de transformação sobre os resultados ficou em grande parte para trás. “Agora, a empresa deve entrar em uma fase de encontrar caminhos para aumentar a receita de forma sustentável, sem prejudicar as margens e impulsionar a alavancagem operacional – para níveis mais normalizados”, pontuaram.
Analistas do Citi também destacaram que a varejista mostrou no segundo trimestre uma melhora na rentabilidade, “o que parece refletir o projeto de transformação da administração”. “No entanto, excluindo efeitos de itens extraordinários, a companhia apresentou um prejuízo elevado em razão da queda nas vendas, desalavancagem operacional e despesas financeiras recorrentes elevadas”, ressaltam.
Briga entre herdeiros
O desempenho financeiro e operacional positivo das Casas Bahia ofusca a briga entre herdeiros dos bens deixados pelo empresário Samuel Klein, morto em novembro de 2014. Um dia antes da divulgação do balanço, na terça-feira 96), o Tribunal de Justiça de São Paulo negou um pedido de Saul Klein, filho caçula do fundador do grupo, para exigir que seus irmãos e sobrinhos devolvam R$ 2,5 bilhões em doações feitas pelo pai.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Conforme relatos na imprensa, Saul argumenta que os valores deveriam ter partilha igual entre os herdeiros. A ação dele é mais uma tentativa contra o irmão Michael Klein, que é o inventariante do espólio. Saul afirma que a fortuna deixada por Samuel deveria ser de cerca de R$ 3,5 bilhões, em vez dos R$ 500 milhões inicialmente considerados.
O pedido de habeas corpus foi formulado pelos netos de Samuel Klein, Raphael e Natalie, filhos de Michael Klein. O TJSP já havia arquivado uma investigação iniciada contra Michael, que tem mais de 70 anos e é beneficiado pela contagem acelerada do prazo prescricional.
(*Com Reuters)