O dólar recuava mais de 1% frente ao real nesta sexta-feira (23), retornando aos R$ 5,50. O movimento é beneficiado por declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que deu apoio explícito para o início de um ciclo de cortes na taxa de juros dos Estados Unidos. A sinalização enfraquece a moeda norte-americana globalmente.
Às 14h30, o dólar à vista caía 1,51%, a R$ 5,5010 na venda.
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Em discurso no simpósio econômico de Jackson Hole, Powell disse que “chegou a hora” de o Fed cortar os juros dos EUA. Segundo ele, “os riscos de uma alta da inflação diminuíram; enquanto os riscos de queda do emprego aumentaram”.
Os comentários reforçaram as apostas de investidores haverá queda da taxa na próxima reunião do Fed, em setembro. No mercado futuro, havia 65% de chance de corte de 0,25 ponto porcentual e 35% de probabilidade de uma redução maior, de 0,50 pp. A perspectiva de uma queda total de 1 pp até o fim deste ano.
Nos mercados de câmbio, isso significa o abandono do dólar e uma busca por moedas como o real para operações de carregamento (“carry trade”). A moeda norte-americana recuava mais de 1% contra o peso mexicano, o peso colombiano e o rand sul-africano.
Impacto nos juros
A perspectiva de juros mais baixos nos EUA derruba os rendimentos dos Treasuries e gera maior apetite por ativos de maior risco. Isso porque aumenta os diferenciais de juros entre a maior economia do mundo e outros países, em especiais de emergentes.
No mercado nacional, o discurso de Powell provocou retirada dos prêmios na curva de juros futuros brasileira. Os investidores estão projetando que uma taxa mais baixa nos EUA permite uma Selic menor no Brasil.
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Para o economista André Perfeito, a possibilidade de aumento do juro básico brasileiro no dia em que o Fed deve promover uma queda da taxa americana parecia mais um movimento de “duplo twist carpado” sob a forma da retórica. “Soava mais como o mercado apostando em alta e agora vendo que talvez não haja espaço”, diz.