O agronegócio no Brasil movimenta quase 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Como reflexo disso, o Fiagro, fundo de investimentos voltado às s cadeias produtivas agroindustriais, teve captação líquida de R$ 4 bilhões no mercado em 2023.
Além disso, no início deste ano, o Fiagro superou a marca de 500 mil investidores, conforme dados da B3. Daí porque a expectativa para os próximos cinco anos é de que a arrecadação desses ativos possa chegar a R$ 12 bilhões.
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O modelo de investimento foi regulamentado em 2021 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e se baseia na legislação dos fundos imobiliários (FIIs). Assim como um FII aloca recursos em operações ligadas aos imóveis e remunera os investidores, o Fiagro aplica no mercado agrícola.
Para Igor Lucena, economista, CEO da Amero Consulting, essa aplicação é uma das formas mais inovadoras que o mercado brasileiro teve nos últimos anos. Isso porque o modelo utiliza um sistema financeiro avançado para reduzir custos operacionais, melhorar receitas e diminuir a dependência dos grandes bancos. “Isso contribui para a competitividade do setor agrícola brasileiro, beneficiando tanto investidores quanto tomadores de recursos”, diz.
Para Marcello Marin, especialista em governança corporativa e em recuperação judicial, uma das vantagens do Fiagro é a isenção de imposto de renda (IR) sobre os dividendos recebidos para pessoas físicas.
Categorias de Fiagro
Os Fiagros possuem três principais divisões. São elas:
1- Fiagro FIDIC
A modalidade compra créditos de produtores que precisam receber valores para manter o ciclo de suas operações e negocia com uma taxa menor de deságio, o que melhora o ciclo financeiro desses créditos. “Aqui temos os produtores que precisam de dinheiro na mão, mas muitas vezes o recebimento de seus produtos é a longo prazo”, afirma o CEO da Ameroc, que também é doutor em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa.
2- Fiagro-FIP ou Fundo de Investimento em Participações
Os Fiagros-FIP são fundos de investimento com participações em sociedades e funcionam como se o investidor comprasse uma ação de uma empresa do ramo do agronegócio. Ou seja, os investidores se tornam sócios indiretos de diversos negócios. Com isso, ajudam a melhorar o capital de empresas do setor já estabelecidas ou a fomentar novos empreendimentos.
3- Fiagro-FII
Nessa opção, é possível investir em propriedades rurais e imóveis agrícolas. Embora também contribua para a produção industrial, o foco principal dessa categoria é o setor imobiliário. Geralmente, nessa modalidade é comum o Fiagro pagar dividendos devido à exploração da terra, seja para plantio ou arrendamento.
Vantagens e desvantagens
Com Fiagros, o retorno financeiro é maior, já que o agronegócio brasileiro é uma das bases da economia nacional, o que sinaliza solidez e resiliência do setor. “Um ponto forte é que há a possibilidade de vender a posição e ter liquidez com as cotas”, diz Marin, que também é contador e administrador
No entanto, ele ressalta que o investidor deve ficar atento. Afinal, o agronegócio é impactado por fatores que não são controláveis, como o clima. Outro fator imprevisível é o preço das commodities agrícolas, que pode variar por questões de safra, colheita etc.
Para Jessica Natividade, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital a possibilidade de alcançar uma rentabilidade superior à oferecida pelo CDI e por outras aplicações tradicionais é grande. “Isso é particularmente atraente em momentos de alta nos juros [Selic], quando esses fundos tendem a proporcionar retornos ainda mais interessantes”, diz.
A especialista lembra que a performance desse investimento está intimamente ligada às oscilações da taxa básica de juros. A depender do nível da Selic e do ciclo da política monetária, os Fiagros podem ter impacto positivo ou negativo.
“Um dos maiores erros que um investidor pode cometer é concentrar toda a parcela de seu portfólio nesses fundos. Apesar de seus potenciais altos retornos, os Fiagros não devem representar a maior parte de uma carteira de investimentos”, afirma Jessica.
Portanto, investir em Fiagros não está isento de riscos. De um modo geral, apesar da robustez do agronegócio, o setor está sujeito a variáveis como condições climáticas, preços das commodities e questões de calote.
A inadimplência em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) é uma preocupação. Em 2023, o salto de 535% nos pedidos de recuperação judicial (RJ) por produtores rurais, conforme levantamento da Serasa Experian, acendeu um sinal de alerta.
O temor dos investidores se dá em relação ao crédito, como demonstrado por casos específicos enfrentados por fundos de investimentos. Além disso, mudanças pelo governo federal nas regras de novas emissões dos CRAs gerou escassez desses ativos.
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Porém, não há motivos para pânico entre quem investe no agronegócio. Assim, boas oportunidades de investimento devem surgir. No entanto, é preciso mitigar os riscos.