A Petrobras teve um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre deste ano. É o primeiro resultado negativo da estatal petrolífera desde o terceiro trimestre de 2020 e também o primeiro balanço sob a gestão de Magda Chambriard.
Segundo a companhia informou na noite de quinta-feira (8), as perdas decorrem principalmente de impactos tributários e cambiais. No mesmo período do ano passado, a Petrobras havia registrado um lucro líquido de R$ 28,8 bilhões. Já no primeiro trimestre deste ano, houve ganho de R$ 23,7 bilhões.
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No resultado apurado entre abril e junho de 2024, os principais impactos no resultado foram contábeis, diante de uma adesão a um acordo com o governo para encerrar uma disputa tributária. Além disso, também deve se levar em conta a variação cambial do período.
Em junho, a companhia havia anunciado que teria um impacto de R$ 11,9 bilhões no resultado líquido do segundo trimestre diante de adesão a essa acordo para encerrar disputa tributária envolvendo Cide, PIS e Cofins entre os anos de 2008 e 2013. Somado a isso, a companhia destacou ter registrado impactos devido à variação cambial, sem efeito no caixa da companhia.
“O resultado líquido do trimestre deve ser analisado à luz de eventos que impactaram o resultado contábil, mas sem impacto relevante no caixa da empresa”, afirmou no relatório o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo.
A Petrobras afirmou que teve “forte” geração de caixa no segundo trimestre de 2024, registrando Fluxo de Caixa Operacional (FCO) de R$ 47,2 bilhões, superior ao observado no primeiro trimestre do ano.
Dessa forma, o lucro recorrente foi de R$ 15,7 bilhões. Ainda assim, ainda abaixo das expectativas dos analistas de R$ 22,3 bilhões, segundo dados do LSEG.
De um modo geral, Fernando Siqueira, da Guide Investimentos, diz que a demora em ajustar os preços da gasolina e do diesel impactaram negativamente os resultados da Petrobras. Da mesma forma, houve impacto negativo da importação de combustíveis a preços mais altos. “Porém, estes fatores já foram em grande parte ajustados para o terceiro trimestre, o que indica que os próximos resultados devem ser melhores”, diz.
Dividendos
Apesar do prejuízo líquido, a Petrobras informou que seu conselho aprovou o pagamento de dividendos intercalares e intermediários e juros sobre capital próprio (JCP) no valor de R$ 13,57 bilhões. O montante equivale a R$ 1,05320017 por ação ordinária e preferencial em circulação.
Para o pagamento, a companhia utilizará R$ 6,4 bilhões da reserva de remuneração do capital. Agora, resta um saldo remanescente de R$ 15,5 bilhões nesta reserva.
Na avaliação da Ativa Research, a decisão da Petrobras de utilizar parte da reserva para honrar a distribuição regular em nada modifica a possibilidade de pagar dividendos extraordinários ainda neste ano. “Em resumo, apesar da leve queda, os resultados operacionais continuam sólidos, assim como a remuneração do investidor”, diz Ilan Arbetman.
Para a equipe do Safras, a utilização de reservas para dividendos ordinários deve ser o principal tema em torno do balanço da Petrobras.
Vale lembrar que essa reserva foi alvo de críticas à época de sua criação, já que investidores consideraram que ela impactava os dividendos. No entanto, agora foi ela que permitiu a remuneração ao acionista em um trimestre no qual a companhia teve um resultado negativo.
Investimentos
Além do prejuízo trimestral e da queda da reserva estatutária, a Petrobras também cortou projeção de investimentos para 2024.
Agora a empresa prevê investir entre US$ 13,5 bilhões e US$ 14,5 bilhões neste ano. A projeção anterior era de US$ 18,5 bilhões.
Para Rafael Passos, da Ajax Asset, a Petrobras passa por um período de adaptação de seu plano estratégico, após operações de aquisição e novos desembolsos de caixa.
Com isso, as atenções se voltam para quatro vertentes. São elas: as discussões sobre alocação de capital da empresa; o potencial de produção em 2024 tendo em vista às maiores manutenções programadas no período. Além disso, também é precisar verificar as tendências da dívida bruta com as novas plataformas alugadas e de lucratividade da empresa.
(*Com Reuters)