O fantasma da recessão dos Estados Unidos voltou a assustar os mercados financeiros nesta segunda-feira (5). Os investidores estão temerosos com a possibilidade de uma forte desaceleração da atividade norte-americana, após dados fracos sobre o mercado de trabalho (payroll).
Michael Every, estrategista-global do Rabobank, explica que o payroll desencadeou a chamada regra de recessão de Sahm. Em estudos, a economista americana Claudia Sahm concluiu que se a taxa média de desemprego em três meses for meio ponto percentual maior que o menor nível nos últimos 12 meses, o país está no início de uma recessão.
Leia também
Com isso, crescem as apostas de um corte maior na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro – ou antes disso, em uma reunião de emergência. O receio é de que o aperto monetário do Fed entre 2022 e 2023 – o mais rápido e intenso da história do BC dos EUA – possa derrubar a maior economia do mundo.
Mas, afinal, o que é uma recessão? E o que a diferencia dos demais estágios da atividade em termos de crescimento econômico?
A recessão é caracterizada pela queda do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que a extensão do período de recuo resulta em diferentes parâmetros. É comum dizer que dois trimestres consecutivos de retração do PIB configuram uma recessão técnica, enquanto um ciclo de declínio acentuado da atividade representa uma depressão econômica.
Já a estagnação acontece quando o crescimento econômico de um país está abaixo do potencial, resultando em leituras fracas do PIB. A estagflação é uma variante desse cenário, no qual o baixo crescimento econômico é acompanhado de altas taxas de inflação.
Que bicho é esse?
Porém, há certa desconfiança quanto ao ambiente econômico recessivo nos EUA no cenário à frente.
O presidente da distrital de Chicago do Fed, Austan Goolsbee, disse que, embora os dados do payroll tenham sido mais fracos do que o esperado, não parece haver uma recessão. “Esses dados, para mim, não parecem indicar superaquecimento”.
Para ele, o pânico nos mercados globais nesta segunda-feira (5), não sinaliza uma mudança de direção da economia. “Se os movimentos do mercado der alguma indicação de longo prazo de que há uma desaceleração do crescimento, então o Fed deve reagir a isso.”
Daí porque especialistas veem certo exagero na reação dos mercados desde o fim da semana passada. “A discussão sobre recessão revivida entre os investidores pode muito bem ser exagerada”, diz Dario Messi, chefe de pesquisa de Renda Fixa do Julius Baer.
-
Siga o canal da Forbes e de Forbes Money no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
Aliás, o mercado sempre exagera para cima ou para baixo, lembra Luiz Rogé, sócio-gestor da Matriz Capital Asset. Ele diz que há, de fato, certo exagero na reação dos mercados e na possibilidade de recessão. “O mercado de trabalho e economia dos EUA como um todo está indo muito bem”, diz.
Segundo o especialista, o que há é um ponto de inflexão no crescimento, ou seja, está crescendo menos. “Então é sim uma reação exagerada [dos mercados] em função de uma tentativa de correção nos preços dos ativos”, conclui Rogé.