Pela primeira vez desde agosto de 2022, o Banco Central voltou a subir a taxa básica de juros, marcando o início de um novo ciclo de alta. Juros mais altos afetam o consumo, alteram carteiras de investimento e geram preocupação para quem já está endividado, tornando mais caro o esforço para sair do vermelho.
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No dia 18 de setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou um aumento de 0,25 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros para 10,75% ao ano. E as projeções indicam que a Selic pode chegar a 12,25% em 2025.
Mesmo antes dessa alta, o Serasa já havia registrado um aumento no número de endividados no país. Em julho de 2024, 136 mil novos consumidores foram incluídos no cadastro de inadimplentes, totalizando 72,66 milhões de brasileiros com dívidas em atraso.
Pessoas entre 41 e 60 anos representam 35,1% dessa população com nome restrito, seguidas pela faixa de 26 a 40 anos, com 34,1%. Indivíduos acima de 60 anos somam 18,9%, enquanto jovens de até 25 anos correspondem a 11,9% do total.
Sair do vermelho é uma meta comum nas resoluções de fim de ano, mas não é preciso esperar até 31 de dezembro para agir. Especialistas consultados pela Forbes Brasil oferecem dicas práticas para se livrar das dívidas ainda em 2024, mesmo com o cenário de juros elevados.
Como a alta dos juros afeta as dívidas?
O aumento das taxas de juros encarece o crédito. Isso significa que as dívidas de cartões de crédito e os empréstimos se tornam mais caras e difíceis de quitar. Com juros elevados, muitos acabam pagando apenas o mínimo necessário. Isso faz com que mais juros sejam aplicados, aumentando o risco de uma escalada da dívida.
Além disso, as condições de renegociação costumam se tornar mais restritivas, dificultando a obtenção de taxas menores ou prazos mais longos. “As novas linhas de crédito também se tornam menos acessíveis, dificultando o planejamento financeiro para quem já está endividado”, afirma Wanessa Guimarães, planejadora financeira CFP pela Planejar e sócia da HCI Investe.
Isso evita que o endividado firme acordos ainda mais prejudiciais do que as dívidas originais. “Além do acordo, você pode transferir dívidas com juros altos para modalidades de crédito mais baratas, como um empréstimo pessoal”, sugere Wanessa.
Juros altos e inadimplência
Com o aumento dos juros, o custo total das dívidas também cresce, já que as parcelas mensais se tornam mais pesadas, dificultando o pagamento em dia. Especialistas alertam que, nesse cenário, uma parcela maior da renda mensal acaba comprometida com dívidas, deixando menos espaço para outras despesas essenciais.
Diante dessa pressão financeira, muitos podem atrasar pagamentos, o que pode levar a uma espiral de endividamento. Em um ambiente de juros elevados, a percepção de risco aumenta. Consumidores tendem a ser mais cautelosos ao assumir novas dívidas, enquanto aqueles que já estão endividados podem sentir que a situação está fora de controle.
Essa combinação de custos mais altos e perda de confiança na capacidade de honrar as obrigações pode resultar em um aumento nos índices de inadimplência.
Quais medidas podemos tomar para evitar o vermelho?
Algumas medidas preventivas são fundamentais, como montar uma reserva de emergência que cubra entre 3 e 6 meses de despesas essenciais. Isso oferece segurança em caso de imprevistos.
Uma estratégia eficaz é “pagar-se primeiro”, reservando uma parte do salário, como 10%, antes de qualquer outro gasto. “Isso garante que a economia aconteça antes que o dinheiro seja utilizado para despesas não essenciais”, diz Wanessa.
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