O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (3), pressionado pelo tombo das ações da Vale na esteira da queda do minério de ferro na China. Já a Azul disparou 10%, experimentando uma trégua na pressão vendedora dos últimos pregões por preocupações com seu endividamento.
Ao final da sessão regular, o índice de referência do mercado acionário brasileiro recuou 0,41%, a 134.353,48 pontos. O Ibovespa marcou 134.171,3 pontos na mínima e 135.010,55 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$ 22,48 bilhões.
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Já o dólar à vista fechou em alta de 0,48%, a R$ 5,6439. No ano, a divisa acumula elevação de 16,33%.
Commodities pesam
De acordo com o Vitor Hugo, sócio e advisor da Blue3, a Vale ditou o ritmo do Ibovespa. Além do tombo neste começo de semana do minério de ferro no mercado futuro chinês, os preços do petróleo no mercado externo tampouco ajudaram.
O barril do tipo Brent fechou em queda de quase 5%, após sinais de um acordo para resolver uma disputa que interrompeu a produção e as exportações de petróleo da Líbia.
Ao mesmo tempo, o pregão brasileiro foi contaminado pelo viés negativo em Wall Street. Dados dos Estados Unidos alimentaram preocupações com o ritmo de desaceleração da economia, enquanto os investidores aguardam um corte no juro pelo Federal Reserve neste mês.
Ao final do pregão em Nova York, o S&P 500 perdeu 2,10%, a 5.529,76 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 3,25%, para 17.137,56 pontos e o Dow Jones caiu 1,49%, para 40.944,36 pontos.
Mercado digere PIB
Por aqui, a sessão doméstico também refletiu a repercussão da expansão do PIB brasileiro acima do esperado no segundo trimestre. De acordo com o IBGE, a economia cresceu 1,4% no período de abril a junho na comparação com o primeiro trimestre, resultado mais forte desde o quarto trimestre de 2020 e acima do esperado (-0,9%).
Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o PIB teve avanço de 3,3%, contra expectativa de 2,7%.
“A economia brasileira cresceu em ritmo bastante acelerado na primeira metade do ano, puxada pela demanda doméstica”, destacaram economistas do Bradesco, acrescentando que o consumo seguiu firme na esteira do mercado de trabalho aquecido que vem garantindo ganhos reais de renda.
“O aumento da confiança tem sido importante para explicar o desempenho dos investimentos”, acrescentou a equipe chefiada por Fernando Honorato. “Nossa expectativa ainda é de desaceleração do PIB na segunda metade do ano, mas a surpresa com a divulgação de hoje sugere que esse movimento poderá ser gradual.”
Em meio aos dados, as taxas dos contratos de DI de curto prazo ficaram perto da estabilidade ou em leve alta, em razão de preocupações com pressão inflacionária. O receio alimenta apostas de que o Banco Central terá de elevar a taxa Selic neste mês.
Destaques do Ibovespa
- VALE (VALE3) caiu 3,73%, acompanhando o movimento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 4,74%.
- PETROBRAS (PETR4) recuou 1,21%, na esteira dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent despencou 4,9%. No setor, PRIO (PRIO3) cedeu 5,16%, 3R perdeu 5,28% e PETRORECONCAVO (RECV3) fechou em baixa de 2,1%. A ANP também divulgou que a produção de petróleo do Brasil recuou em julho.
- AZUL (AZUL4) avançou 10,2%, experimentando uma trégua na pressão vendedora dos últimos pregões em razão de preocupações com o endividamento da companhia. Em três sessões até a véspera, o papel acumulou queda de 39%. Na segunda-feira, a S&P cortou a classificação de crédito de emissor em escala global da Azul para “CCC+” de “B-“, com perspectiva negativa.
- BRASKEM (BRKM5) subiu 2,38%, tendo como pano de fundo relatório do Bradesco BBI elevando a recomendação das ações para “compra” ante “neutra”, preço-alvo em 24 reais, com os analistas enxergando boa dinâmica de resultados no segundo semestre, risco limitado e proteção contra queda do petróleo.
- ITAÚ UNIBANCO (ITUB4) valorizou-se 1,62%, enquanto BRADESCO (BBDC4) fechou com elevação de 1,07%, BANCO DO BRASIL (BBAS3) subiu 0,91% e SANTANDER BRASIL (SANB11) fechou com acréscimo de 0,19%.