Pouco mais de 15 dias após fechar um acordo com credores que aliviou a sua situação financeira, a Azul (AZUL3) pode estar próxima de dar mais um passo em direção ao fim do seu drama. De acordo com fontes ouvidas pela Reuters, a companhia está negociando levantar cerca de US$ 400 milhões (R$ 2,2 bilhões) por meio de emissão de dívida e está próxima de um acordo.
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A operação é a continuidade do acordo anunciado no início de outubro. Na ocasião, a Azul havia negociado 92% das suas dívidas com arrendadores e fornecedores por meio de emissões de novas ações da companhia, no valor de R$ 30 cada. O total equivale a US$ 550 milhões (R$ 3,08 bilhão) de débitos.
Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, a Azul considera duas opções: firmar um novo acordo de financiamento com o grupo “ad hoc” de detentores de títulos de dívida ou captar recursos junto a investidores adicionais por meio do banco de investimento Jefferies.
Um possível acordo com os detentores de dívida pode incluir a conversão futura de parte da dívida em ações, além da emissão de nova dívida, afirmaram duas fontes. Já a proposta do Jefferies envolve a emissão tradicional de “bonds” conversíveis.
Procurados pela Reuters, a Azul não comentou o assunto, e o Jefferies não se manifestou.
Vale lembrar que o presidente da companhia, John Rodgerson, havia sobre a necessidade de levantar US$ 400 milhões logo após a divulgação do acordo mais recente. Na época, ele citou a possibilidade da Azul utilizar a Azul Cargo como garantia para a emissão de dívidas conversíveis, mas agora não está claro se esse segue sendo o plano.
Além das operações para levantar capital, a Azul também segue nas manchetes com relação a uma potencial fusão de operação com a Gol. O assunto voltou a ganhar força após o acordo do início do mês.
Entenda a crise
A Azul engrossa a lista de empresas aéreas que se viram em apuros financeiros nos últimos anos. A pandemia do coronavírus aliado a um dólar forte pressionam os balanços e colocam em risco a operação das empresas. Só em 2024, as ações AZUL3 despencam mais de 60%.
Só no pós-pandemia, empresas como Aeromexico, LATAM e Gol passam ou passaram por processos de recuperação judicial.
Isso porque as companhias aéreas são sensíveis aos elementos dos últimos anos: as dívidas com credores são, em sua maioria, feitas em dólar, assim como os gastos com fornecedores e o abastecimento das aeronaves. Enquanto isso, a receita que entra em caixa é, em sua maioria, em real.
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Segundo o balanço do segundo trimestre de 2024, a Azul tem uma dívida bruta de R$ 28,4 bilhões. O valor representa um crescimento de 15% frente aos primeiros três meses do ano. A companhia também reverteu o lucro e teve prejuízo líquido de R$ 3,8 bilhões no mesmo período.