A Boeing lançou nesta segunda-feira (28) uma oferta de ações que pode levantar até US$ 19 bilhões (R$ 108 bilhões), com a venda de 90 milhões de ações ordinárias e mais US$ 5 bilhões (R$ 28,5 bilhões) em ações depositárias, que representam participações em ações preferenciais conversíveis.
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A iniciativa busca reforçar as finanças da companhia, que enfrenta uma greve de milhares de trabalhadores desde setembro. A paralisação interrompe a produção do seu jato mais vendido, o 737 MAX, e é apenas mais uma dentre as dificuldades enfrentadas pela companhia nos últimos anos.
Combinando problemas trabalhistas e dificuldades na produção, a Boeing acumulou prejuízos nos últimos três trimestres. Na semana passada, reportou uma perda de US$ 6 bilhões (R$ 34,2 bilhões) no terceiro trimestre e previu que continuará consumindo caixa ao longo do próximo ano. No mesmo dia, a proposta de reajuste oferecida aos trabalhadores foi rejeitada, prolongando a paralisação.
Ponto crítico
A necessidade de levantar capital é crítica para a Boeing manter sua recomendação de grau de investimento. As agências de classificação de risco já alertaram que uma greve prolongada pode resultar no rebaixamento da nota de crédito da empresa, o que aumentaria seus custos de financiamento.
Segundo estimativas anteriores, a greve está custando mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) por mês à Boeing. Em resposta, a empresa anunciou que cortará 10% de sua força de trabalho.
No início do mês, a Boeing já havia negociado um crédito de US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) com bancos e revelado planos para captar até US$ 25 bilhões (R$ 142,5 bilhões) por meio de ofertas de ações e dívidas.
A S&P Global alertou que um rebaixamento da nota é provável se a empresa não conseguir manter um saldo de caixa acima de US$ 10 bilhões ou se precisar aumentar a alavancagem para quitar suas dívidas.
A Boeing, que nunca perdeu o grau de investimento, tinha em caixa e títulos negociáveis o equivalente a US$ 10,5 bilhões (R$ 59,8 bilhões) no final de setembro. No entanto, enfrenta uma dívida de US$ 11,5 bilhões (R$ 65,5 bilhões) com vencimento até 1º de fevereiro de 2026, além de um compromisso de emitir US$ 4,7 bilhões (R$ 26,7 bilhões) em ações para adquirir a Spirit AeroSystems e assumir as dívidas da fornecedora.
Nesta segunda-feira, a Boeing afirmou que os recursos levantados serão destinados a fins corporativos gerais.
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A empresa também esclareceu que os detentores das ações depositárias terão direito a uma participação proporcional nos direitos e preferências das ações preferenciais. Espera-se que essas ações preferenciais tenham uma preferência de liquidação de mil dólares por unidade.