Indicado à presidência do Banco Central (BC) pelo presidente Lula, Gabriel Galípolo passou por sabatina nesta terça-feira (08). A etapa decisiva para definir o futuro do BC teve início às 10h (horário de Brasília), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado.
A nomeação do atual diretor monetário do BC para a presidência da autoridade monetária chegou ao Senado no dia 2 de setembro. Toda indicação para a diretoria do Banco Central passa por uma análise e julgamento da Casa, com sabatina e votação na CAE e, em seguida, votação no Plenário.
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Em uma votação secreta no Senado Federal, Galípolo foi aprovado por 66 votos favoráveis e 5 contra. A validação dele em Plenário foi a melhor dos últimos 22 anos. O indicado comandará o Banco Central brasileiro a partir de janeiro de 2025, sucedendo o nome escolhido por Jair Bolsonaro, Roberto Campos Neto.
Quem é Gabriel Galípolo?
Gabriel Muricca Galípolo, de 42 anos, é economista, professor e pesquisador formado em Ciências Econômicas, mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
O economista começou no setor público em 2007, no governo de José Serra (PSDB), quando atuou na Secretaria de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo. Anos mais tarde, assumiu como secretário executivo do Ministério da Fazenda no terceiro mandato do governo Lula.
Em maio de 2023, Galípolo foi indicado pelo ministro Fernando Haddad para o atual cargo de diretor de política monetária do BC.
No setor privado, presidiu e se destacou no Banco Fator e, em 2018, comandou a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).
Apesar do receio de que Galípolo fosse pressionar por um corte de juros, desde que chegou ao BC as suas decisões têm acompanhado a da maioria dos diretores do Comitê de Política Monetária (Copom).
A economia heterodoxa de Galípolo
Conhecido por sua economia heterodoxa, Galípolo reflete uma escolha que busca equilibrar a autonomia institucional com uma comunicação eficaz entre governo e mercado.
“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática a garantia da liberdade na tomada de decisões”, disse o diretor em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado.
Ele também reafirmou seu compromisso com o arcabouço estabelecido para o trabalho da autoridade monetária. Nas últimas reuniões do COPOM, Galípolo foi em linha com o resto da diretoria e nunca votou para baixar juros.
O economista destacou que o Brasil é hoje reconhecido por sua estabilidade monetária e financeira e acrescentou que os núcleos de inflação no país nos últimos 12 meses ficaram em níveis comparáveis aos de economias estáveis como Estados Unidos e Reino Unido.
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“O atual cenário com surpresas positivas na atividade, desancoragem das expectativas de inflação e câmbio mais desvalorizado demandam prudência na atuação da autoridade monetária”, afirmou. Além disso, acrescentou que dados do Brasil mostram desemprego na mínima histórica, renda em alta, indústria com maior uso da capacidade instalada e crescimento de serviços, o que sugere que o processo de desinflação será mais lento e custoso.