A temporada dos balanços do terceiro trimestre já começou, mas é a partir de hoje (29) que o noticiário corporativo começa a esquentar para valer. É que o Santander (SANB11) dá o pontapé inicial nas divulgações dos grandes bancos brasileiros. E a estrela do show deve ser a saúde da carteira de crédito das instituições.
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Ainda é cedo para entender o quanto o aumento da Selic, feita em meados de setembro, irá afetar o Santander, Bradesco (BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11), mas o mercado espera que seja possível antecipar o impacto dos juros altos em suas carteiras de crédito.
Para os analistas do Bank of America, a expectativa é que os bancos entreguem números robustos — com uma média de crescimento de 14% no comparativo anual. O impulso deve vir principalmente da melhora das margens financeiras (NIIs) e uma estabilidade na qualidade das carteiras de crédito.
Apesar disso, há perguntas a serem respondidas diante da nova realidade que precifica uma Selic perto dos 13% ao ano em 2025 e todos os bancos devem — em maior ou menor grau — aumentar as suas provisões contra calotes.
Para o BofA, é preciso olhar de perto a evolução das margens diante dos juros altos, o aumento da inadimplência rural — após um trimestre marcado por diversos pedidos de recuperação judicial no setor agropecuário — e a velocidade do oferecimento de crédito.
O Itaú BBA vê todos os grandes bancos em posição para apresentarem números positivos, apesar das dúvidas com relação a linhas de crédito específicas.
Confira as principais projeções para o setor bancário:
Santander (SANB11)
Para o BofA, o Santander deve ser a instituição com o melhor múltiplo de crescimento anual, mas com desaceleração da carteira de crédito, principalmente nas linhas voltadas para grandes empresas.
A Genial Investimentos acredita que a melhora na rentabilidade deve ter um ritmo mais lento do que os vistos nos trimestres anteriores. Já a carteira de crédito deve seguir com um crescimento cauteloso, uma postura adotada diante do cenário de juros mais altos.
“Acreditamos que o Santander deve acelerar a concessão de crédito em produtos de maiores spreads, como cartões, PMEs e Financeira, especialmente após o processo de limpeza da carteira de crédito realizado nos últimos trimestres”, apontam os analistas da Genial.
Consenso de mercado:
Receita líquida: R$ 20,52 bilhões
Lucro líquido: R$ 3,5 bilhões
Bradesco (BBDC4)
Após uma série de resultados decepcionantes, os analistas estão atentos aos sinais de recuperação da lucratividade do Bradesco e a abordagem cautelosa da instituição ao seu mix de crédito.
Enquanto o BofA vê o Santander como melhor candidato no comparativo anual, o Bradesco deve se destacar na base trimestral com uma “melhora gradual” da receita, ainda que as receitas de tarifas e as despesas se manterão em um ritmo semelhante ao do trimestre anterior. Para a Genial, já é possível ver avanços no plano estratégico do banco para a retomada do crescimento e rentabilidade.
“Acreditamos que o processo de reestruturação do banco levará tempo, e que a maior parte dos resultados positivos será capturado em 2025 e 2026. Para o próximo ano, projetamos um lucro líquido de R$ 23,77 bilhões”, explicam.
Uma das principais surpresas positivas pode ser a reversão das provisões feitas no início de 2023 no caso das Americanas. No caso do Bradesco, o total é de R$ 4,8 bilhões. “Dado o momento de reestruturação do Bradesco, esperamos que o valor revertido seja utilizado para a realização de provisões de crédito adicionais”, apontam os analistas da Genial.
Consenso de mercado:
Receita líquida: R$ 30,9 bilhões
Lucro líquido: R$ 5,06 bilhões
Banco do Brasil (BBSA3)
Apesar dos números robustos nos últimos trimestres, o Banco do Brasil está sob uma sombra indesejada no terceiro trimestre — líder em linhas de crédito rural, o BB está pressionado pelo grande número de pedidos de recuperação judicial no agronegócio, afetando a carteira e a qualidade dos empréstimos
O Plano Safra, linha de financiamento para a atividade agrícola, foi adiado para o início de setembro e só deve começar a mostrar resultados no quarto trimestre. Além disso, dados de crédito do Banco Central mostram uma piora na inadimplência no segmento agro.
Com os problemas do agronegócio, os olhares estarão voltados para o volume de provisões que o banco fará para se prevenir de calotes expressivos em suas linhas rurais de crédito.
Consenso de mercado:
Receita líquida: R$ 36,3 bilhões
Lucro líquido: R$ 9,3 bilhões
Itaú (ITUB4)
Para o Itaú, a expectativa é que os resultados apresentem as mesmas características dos últimos trimestres — um crescimento robusto, com margens saudáveis e inadimplência sob controle.
Segundo os analistas do JP Morgan, o banco pode ser considerado uma escolha defensiva dentro do setor bancário.
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Consenso de mercado:
Receita líquida: R$ 42,2 bilhões
Lucro líquido: R$ 10,3 bilhões
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