Cotado no início da tarde desta sexta-feira (8) a US$ 76,5 mil, o bitcoin (BTC) está em sua máxima histórica. Os preços da criptomoeda mais negociada avançaram cerca de 11,3% nos últimos cinco dias, com a notícia da eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, que se confirmou nas primeiras horas da quarta-feira (6).
Na quinta-feira, foram investidos US$ 1,37 bilhão em Exchange Traded Funds (ETF) de bitcoin no mercado à vista nos Estados Unidos. Foi a maior captação diária da história desses ativos, lançados em janeiro deste ano.
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O efeito se estendeu para outras criptomoedas. O ether (ETH) segunda criptomoeda mais negociada, está cotado a US$ 2,95 mil, alta de cerca de 20% em cinco dias.
Índice Medo e Cobiça
O sentimento do mercado está bastante positivo. Na tarde desta sexta-feira, o Índice de Medo e Cobiça (Fear and Greed Index), que mede o sentimento do mercado de criptomoedas, estava em 75 pontos, indicando um sentimento de Cobiça. Na quinta-feira o índice estava em 77 pontos, indicando Cobiça Extrema. Porém, durante o mês de outubro, o índice passou a maior parte do tempo ao redor de 50 pontos, indicando um mercado Neutro.
A vitória de Trump animou tanto o mercado de criptoativos devido à mudança radical em sua postura. Em 2021, durante uma entrevista à rede de televisão conservadora Fox News, o presidente eleito afirmou que o bitcoin “parecia uma farsa”. Durante esta campanha, ele prometeu transformar os Estados Unidos “na capital mundial das criptomoedas”.
Apoio parlamentar
Esse entusiasmo não se limita à Casa Branca, mas também está no Capitólio. Um levantamento preliminar indica que foram eleitos 235 deputados a favor das criptomoedas e 112 contrários a elas. No Senado, essa proporção está em 14 favoráveis e nove contrários.
Tudo isso deveu-se à entrada maciça das empresas no setor na campanha, atuando como grandes financiadores não só de Trump mas também de candidatos favoráveis à criptoeconomia. As estimativas são de que o setor injetou US$ 135 milhões na campanha, financiando diversos candidatos republicanos, favoráveis ao setor.
A motivação não foi política, foi econômica. A administração de Joseph Biden foi marcada por uma reticência enorme em relação às criptomoedas. Os ETFs de bitcoin no mercado à vista são um bom exemplo. Durante meses, a Securities And Exchange Commission (SEC), equivalente americana da Comissão de Valores Mobiliários, barrou o lançamento desses produtos, embora os ETFs de derivativos de bitcoin existam há tempos.
Bloqueios legais
A intenção da SEC era proteger os investidores. Por um pormenor técnico importante: no caso de um ETF de derivativo, uma das partes da operação – quem emite o derivativo, que pode ser um contrato futuro ou uma opção – é um banco ou gestora de ativos. Ou seja, uma entidade regulamentada pelas autoridades americanas. Para a SEC, o fato de o bitcoin ser registrado em uma rede descentralizada como o blockchain aumenta o risco. Ou, como perguntaria um advogado: para qual endereço a intimação deve ser enviada em caso de processo?
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A expectativa agora é que a partir de janeiro boa parte das dificuldades deixem de existir, destravando valor para o bitcoin e outras criptomoedas, além de estimular empresas de blockchain. Por exemplo, espera-se a revogação da SAB-121, que é uma regra contábil estabelecida pela SEC, a Comissão de Valores Imobiliários americana, que impede que bancos atuem como custodiantes de cripto.
Outras criptomoedas beneficiadas podem ser as chamadas stablecoins, que mantém valor constante em relação a uma moeda fiduciária, em geral o dólar. Seu uso como solução de pagamento pode crescer no Estados Unidos e em outros países. Nações menos desenvolvidas podem dolarizar suas economias por meio dessas moedas.