O banco de investimentos Julius Baer rebaixou a avaliação das ações brasileiras para neutro, poucos dias após os bancos JP Morgan e Morgan Stanley fazerem o mesmo. O banco justificou a medida baseando-se na reação do mercado ao anúncio do ministro da fazenda, Fernando Haddad. A recomendação é que investidores que planejem aumentar sua exposição no Brasil optem pela renda fixa.
Segundo o relatório divulgado hoje (29) o corte de gastos de R$ 71,9 bilhões em 2025 e 2026 e a diminuição em R$ 327 bilhões até 2030 não foi o suficiente para manter o mercado confiante na responsabilidade fiscal do Brasil. O Julius Baer argumenta que o anúncio foi ofuscado pela nova política de não cobrar imposto de renda de quem ganha até R$ 5 mil mensais.
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O custo da isenção, que atingirá quase 80% dos brasileiros, custará aproximadamente R$ 35 bilhões. Mas, mesmo que seja compensado por um aumento de taxação sobre os que ganham mais, o mercado reagiu mal a medida.
A depreciação do Real em níveis recorde – com o dólar atingido R$ 6,10 nesta sexta-feira (29) – e a expectativa de mais altas na Selic, que o banco estima atingir 14,50% em junho de 2025, também ajudaram a piorar as projeções para a renda variável. Isso se soma a avaliação que o Congresso Nacional pode diluir as medidas de contenção de gastos, mesmo com apenas três semanas restantes de trabalho no Legislativo.
Por fim, a análise aponta que, mesmo que os ganhos por ação possam crescer até 2026, a expectativa de uma política de juros mais altos em 2025 possam segurar a economia do país. Mesmo ano em que, durante o terceiro trimestre, espera-se que a responsabilidade fiscal seja abalada pela aproximação das eleições federais de 2026, que traria gastos eleitoreiros.