A maratona de dados econômicos pré-decisão do Federal Reserve chega ao fim com o payroll, o relatório do mercado de trabalho americano, divulgado nesta manhã (01).
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O documento trouxe uma grande surpresa: a economia americana criou apenas 12 mil novos postos de trabalho em outubro, muito aquém dos 223 mil registrados em setembro.
Uma desaceleração no mercado de trabalho já era esperada, uma vez que o país foi atingido por dois furacões em sequência: o furacão Helene que devastou o sudeste americano e o Milton, que atingiu a Flórida. Além disso, as greves na Boeing e na Textron deixam quase 42 mil trabalhadores paralisados.
Ainda assim, a projeção do mercado era bem superior ao número apresentado pelo relatório. Segundo uma pesquisa da Reuters, a mediana das expectativas era de criação de 113 mil vagas.
A taxa de desemprego aumentou de 4,05% para 4,15%.
Nos Estados Unidos, trabalhadores que não recebem salário durante o período da pesquisa são contados como desempregados. Os mais otimistas esperavam que os grevistas tivessem recebido algum valor de suas empresas no período da greve.
Impacto nas expectativas
Os números devem pautar a reunião do Comitê de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês) do Fed na semana que vem. O fraco desempenho do mercado de trabalho transforma em quase consenso um corte de 0,25 ponto percentual nos juros na semana que vem. Segundo a ferramenta FedWatch, do CME Group, 98,3% do mercado acredita que a taxa básica ficará na faixa entre 4,75% e 5,00% ao ano.
Para Andressa Durão, economista do ASA, a dificuldade em mensurar os efeitos extraordinários nos dados do mercado de trabalho nos últimos meses levará o Fed a manter a cautela em relação à política monetária. A expectativa é que o relatório de novembro mostre um efeito rebote.
“Ele virá sem o impacto de novos eventos climáticos relevantes e o fim da greve da Boeing pode ser confirmada nos próximos dias”, explica a economista. Ela também lembra que o payroll tem se mostrado muito volátil nos últimos meses e que a taxa de desemprego é que deve ser o número levado em consideração.
Para Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, uma forte criação de vagas não seria o ideal, mas o melhor cenário para o Fed não é o de um mercado de trabalho se deteriorando tão rapidamente, já que essa situação traz grandes riscos para a atividade econômica.
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“Outro dado importante que tivemos na semana e que fortalece essa visão foi o JOLTS. Ele mostra a relação entre oferta e demanda de mão de obra no mercado e o indicador veio um pouco mais baixo que o esperado, mostrando um certo equilíbrio entre a quantidade de vagas de trabalho abertas e a quantidade de pessoas procurando emprego”, pontua Moreira.