Desde que o “boom” da inteligência artificial tomou conta do mundo, a Nvidia despontou como a grande ganhadora de uma batalha que estava dando os seus primeiros passos — a de quem seria a empresa responsável por fornecer a demanda insaciável por chips capazes de ajudar a treinar os centenas de novos modelos de IA que surgiram nos últimos dois anos.
O resultado, desde então, são balanços trimestrais com um crescimento acima dos três dígitos, uma catapulta ao posto de uma das empresas mais valiosas do mundo e uma sede insaciável dos investidores por mais.
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Uma sede que, em alguns momentos, parece até mesmo irracional. Como pode uma empresa com crescimento de receita e lucro acima dos 100% por trimestres seguidos estar aquém das expectativas?
A régua alta dos investidores chegou a derrubar as ações da Nvidia em mais de 5% no after market e por boa parte desta quinta-feira (21). Os papéis conseguiram se recuperar e agora sobem cerca de 1% — mas muitos possuem um “alerta amarelo” ligado com relação à companhia. Será que o crescimento dos últimos trimestres é sustentável? Para os que acreditam que não, a desaceleração no crescimento das vendas é a principal preocupação
Sabor azedo
A companhia teve um lucro de US$ 19,3 bilhões (R$ 110 bilhões) no terceiro trimestre, o que equivale a US$ 0,81 por ação — acima da expectativa dos analistas. O faturamento foi de US$ 35,1 bilhões (R$ 200 bilhões), o que implica em um crescimento de 97% no comparativo anual.
O que amargou as expectativas dos investidores foi o ritmo mais lento do crescimento da receita e uma projeção menor do que a esperada para os resultados para o quarto trimestre. Segundo a companhia, a receita deve ser de US$ 37,5 bilhões, quase meio bilhão a menos do que o inicialmente esperado pelo mercado.
Analistas do Itaú BBA apontam que esse foi um dos trimestres mais “controversos” desde 2021, quando começaram a cobrir a companhia, já que um desvio de apenas 1,3% no total foi responsável por causar um forte movimento de venda dos papéis.
“Não vemos razões para que os otimistas passem a ficar tímidos depois dos resultados. O bom momento do lucro por ação se mantém e, aparentemente, a projeção para o próximo trimestre foi conservadora”, explica o banco de investimentos em relatório.
Além disso, os analistas acreditam que não é sinais de um ciclo de baixa para o operacional da companhia sinalizado pela companhia — por mais que os modelos econômicos do Itaú BBA apontem divergências. Mas nada que preocupe o banco, que mantém suas estimativas positivas.