“Os EUA são uma nação de construtores”, postou Elon Musk, o homem mais rico do mundo, no X (antigo Twitter), a rede social de sua propriedade, às 23h50 (horário da costa leste dos EUA) na terça-feira à noite, horas antes da Associated Press anunciar que Donald Trump havia vencido a eleição presidencial. Musk ainda acrescentou: em breve, vocês estarão livres para construir.
Conforme os votos chegavam, mostrando que o ex-presidente bilionário estava prestes a retomar a Casa Branca, alguns de seus colegas conservadores se manifestaram no X. Muitos estavam celebrando, como o bilionário do setor de criptomoedas Tyler Winklevoss, que postou: “estamos à beira de uma nova Renascença Americana”. Outros começaram a oferecer explicações para a ascensão de Trump, como o ex-candidato republicano e apoiador de Trump, Vivek Ramaswamy, que declarou: “os eleitores estão rejeitando a censura, perseguição judicial e a desonestidade”. Alguns se mostraram impacientes com as redes de TV: “É absurdo que a @cnn se recuse a anunciar estados que claramente foram vencidos por @realDonaldTrump”, escreveu o gestor de fundos hedge Bill Ackman às 23h40.
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Enquanto isso, bilionários liberais pareciam, em grande parte, silenciosos, diferente do que se via mais cedo no dia.
O cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman, postou um vídeo às 17h dizendo: “Esta eleição não se trata de pequenas discordâncias políticas. Trata-se da verdade versus a ficção, o estado de Direito versus o caos, e a democracia versus o fascismo”. O empresário Mark Cuban, que havia feito campanha para Harris, escreveu que estava se divertindo no FaceTime com estudantes aguardando em filas longas, acrescentando que votar em Kamala Harris vale a pena. Nenhum dos dois postou nada sobre a eleição após as 19h, quando as urnas começaram a fechar nos estados-chave, até que Cuban parabenizou Trump e deletou algumas de suas postagens pró-Harris. Até as 9h da manhã, com mais postagens de felicitações de bilionários pró-Trump chegando, nenhum outro rico apoiador de Harris havia se manifestado na plataforma.
Bilionários e a política
Os bilionários sempre se envolveram na política, mas na última década os números têm aumentado. Agora eles podem fazer doações ilimitadas, então cada eleição se torna mais cara do que a anterior.
E, na era das redes sociais, podem falar diretamente com legiões de pessoas que os consideram dignos de serem ouvidos. A Forbes analisou as postagens no X de 200 bilionários americanos mais ricos com contas encontradas. Os afortunados geralmente possuem grandes números de seguidores — Musk, a pessoa mais seguida na plataforma, possui mais de 200 milhões. No total, as mais de 2 mil postagens sobre a eleição vindas dessas contas foram visualizadas 10 bilhões de vezes.
Dessas postagens, 472 mencionaram Kamala Harris e 652 mencionaram Donald Trump.
Usando o modelo de aprendizado de máquina RoBERTa, treinado em mais de 100 milhões de postagens na X, a Forbes também analisou o sentimento dos posts. Até a meia-noite de quarta-feira, as publicações que mencionavam Trump pareciam um pouco mais otimistas — com 49% dessas postagens classificadas como positivas contra 35% mencionando Harris. É possível, contudo, que a propriedade de Musk sobre a X tenha alguma influência na inclinação da plataforma para a direita nesse contexto, visto que ele se tornou um dos maiores apoiadores de Trump, chegando a passar a noite com o então candidato.
Algumas das postagens mais negativas sobre Trump vieram do governador democrata de Illinois, JB Pritzker, do capitalista de risco Vinod Khosla e de Mark Cuban, famoso pelo programa Shark Tank. No entanto, na manhã de quarta-feira, Cuban já havia deletado suas postagens abertamente pró-Harris. O único post que insinuou decepção com os resultados da eleição veio do bilionário e cofundador do Mailchimp, Ben Chestnut, que vive na Geórgia — um estado-pêndulo que virou para os republicanos ontem.
E, claro, alguns bilionários estão falando sobre a eleição, mas não no X.
Donald Trump geralmente limita suas postagens à Truth Social, a plataforma similar ao Twitter que compõe grande parte de seu patrimônio, embora tenha postado bastante na X no Dia da Eleição. Mark Zuckerberg faz postagens apenas no Threads, de propriedade do Facebook, talvez o maior rival da X, e evita assuntos políticos (além de criticar a União Europeia por medidas regulatórias), mas elogiou Trump como “badass” (impressionante) em uma entrevista em julho.
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Pelo menos um homem acreditava que o X havia antecipado o que estava por vir, chegando a compartilhar uma postagem que dizia que a plataforma era mais certeira que as pesquisas. À 1h17 da manhã, enquanto a situação se mostrava mais desafiadora para Harris em várias partes do país, Musk escreveu aos seus seguidores: “Vocês são a mídia agora.”