A Petrobras conseguiu entregar um lucro acima das estimativas dos investidores mesmo após um trimestre marcado por intensas flutuações no preço do petróleo e do câmbio, com alta de 22,3% (a R$ 32,6 bilhões), a atenção dos investidores se voltam para dois outros pontos estratégicos e que estão fortemente interligados: a expansão da capacidade de investimento e o pagamento de dividendos.
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Com a divulgação dos resultados do terceiro trimestre na noite de ontem (07) os dois assuntos voltaram à pauta. A companhia anunciou dividendos intercalares no valor de R$ 17,12 bilhões, ao mesmo tempo em que viu o seu volume de investimentos crescer 30% de um trimestre para o outro.
No caso da Petrobras, o volume de investimentos é observado de perto pelo seu potencial de reduzir a parcela do caixa que pode ser destinada ao pagamento de dividendos extraordinários — como foi comum ao longo da gestão passada da companhia. Apesar disso, analistas apontam para grandes chances de que os proventos sejam anunciados junto ao novo Plano Estratégico 2025-2029 da companhia, no dia 21 de novembro.
De olho na Braskem?
No comparativo com o trimestre anterior, a companhia elevou os seus investimentos em 30%. Ao todo, já foram gastos US$ 10,9 bilhões(R$ 62,33 bilhões) em 2024. Segundo Fernando Melgarejo, CFO da Petrobras, o forte avanço visto no período não significa uma alteração na projeção de Capex para o ano, com a companhia ainda esperando algo próximo de US$ 14,5 bilhões até o fim de dezembro.
Nos últimos três meses, o aumento da cifra decorreu da pelos investimentos no polo de pré-sal da Bacia de Santos, na Bacia de Campos, aquisição do bloco DWOB na África do Sul e a entrada em operação das plataformas Maria Quitéria e Duque de Caxias.
A história, no entanto, muda de figura para o próximo ano. Questionado sobre a elevação, Fernando Melgarejo, CFO da companhia, afirmou que o próximo plano estratégico — que será apresentado no fim do mês — deve contemplar investimentos maiores do que os vistos em 2024.
Sempre questionada por sua estratégia de investimentos fora de atividades consideradas “essenciais” para a operação da Petrobras, a companhia reforçou que segue um manual de governança de compliance que passa critérios de lucratividade, análise técnica e melhores práticas do mercado.
O posicionamento é inverso ao visto durante a gestão Bolsonaro. Na ocasião, o foco da companhia era realizar desinvestimentos em empresas que não serviam ao “core business” da companhia. Na coletiva, a presidente Magda Chambriard declarou que, no momento, vender ativos não é uma prioridade e sim colocar novas plataformas em produção, desenvolver novos produtos e procurar alternativas favoráveis para a transição energética.
A petroquímica Braskem — cujo capital está dividido principalmente entre a controladora Novonor (38,3%) e a Petrobras (36,1%) — é um exemplo perfeito da mudança de estratégia dos últimos anos.
A Novonor, antiga Odebrecht, tenta há anos encontrar um comprador para a sua parte da empresa em meio ao seu extenso processo de recuperação econômica. No antigo governo, a Petrobras se mostrou disposta a também vender a sua parte mas, agora, a companhia olha com bons olhos para uma potencial aquisição de toda a operação. Mais recentemente, negociações com a Equinor para a venda da companhia fracassaram.
Segundo Melgarejo, a companhia olha “com carinho” para a operação. “Entendemos que a Braskem é uma companhia que tem sinergia com o nosso core e temos avaliado negócios que tragam sinergia e geração de valor para a empresa”.
E os dividendos?
Apesar do anúncio de R$ 17 bilhões a serem pagos no início do ano que vem, a expectativa agora recai sobre a possibilidade de pagamento de proventos extraordinários.
Hoje, a companhia mantém o seu compromisso de dividendos atrelado às suas regras de dívida bruta, que prevê a distribuição de 45% do fluxo de caixa livre quando o seu endividamento bruto fica igual ou abaixo do nível máximo definido pelo Plano Estratégico.
O CFO da companhia apontou que as discussões sobre pagamento de dividendos andam lado a lado com o Plano Estratégico. Questionado sobre a liberação dos R$ 22 bilhões de provendo ainda retidos em caixa, Melgarejo afirmou: “Se tivermos um nível de confiança adequado, podemos propor [a distribuição] para a companhia e eles tomarão da decisão”.
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O valor anunciado ontem superou a estimativa de bancos como Itaú e Santander.
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