O investidor brasileiro tomou um susto nesta amanhã ao olhar a cotação do dólar à vista: R$ 6,20.
O BC entrou em campo para fazer leilões de dólar duas vezes ao longo do dia (uma delas de forma extraordinária) e teve pouco sucesso para acalmar a divisa. Foi preciso declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, de que a Casa irá votar para o projeto de lei do pacote fiscal (PLP 210) e pela reforma tributária, para que a moeda americana se afastasse do patamar do R$ 6,20. No final da tarde, a divisa virou para o negativo, mas fechou com leve alta de 0,10%, encerrando o dia a R$ 6,09.
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Já o Ibovespa operou no positivo desde a abertura. O pregão intensificou os ganhos em linha com a procura por ativos de risco no exterior e o anúncio de medidas de estímulos na China. O avanço do minério de ferro e a alta do petróleo ajudaram o índice a ficar no verde. O Ibovespa fechou o dia a 0,92% a 124.698 pontos.
No cenário externo, os mercados aguardam a decisão do Federal Reserve nesta quarta-feira (18), em que se espera uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros.
O que está por trás da volatilidade do dólar?
A Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) foi divulgada nesta terça-feira (17) pelo BC e mostrou o Comitê desconfortável com o cenário econômico e a trajetória para a inflação. Apesar do documento ter sido cauteloso com a parte fiscal, evitando críticas mais intensas à gestão das contas públicas, isso não impediu o dólar de ser pressionado e ter atingido a casa dos R$ 6,20 nesta manhã. Na reunião da semana passada, os membros elevaram a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e sinalizaram mais dois aumentos da mesma magnitude no próximo ano.
O relatório observa uma deterioração em componentes que afetam a política de juros, como câmbio e a inflação, vendo os impulsos fiscais e de créditos no país como fatores que estão contribuindo para uma redução do aperto monetário. A ata também destacou que a percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal do governo afetou os preços de ativos e as expectativas de mercado.
O cenário fiscal foi o principal motivo do pessimismo entre os investidores nesta sessão, devido ao receio de que o governo não consiga aprovar suas medidas de controle de gastos até o final de 2024. Entre os principais obstáculos para o avanço do pacote fiscal estão a falta de participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas negociações e o pagamento de emendas parlamentares.
Hoje, os dois leilões do BC se juntaram às intervenções diárias que vem sendo feitas neste mês, justificado pelo aumento da demanda por dólar no fim do ano. Ontem o BC fez uma injeção de US$ 4,5 bilhões no sistema financeiro. O governo sinalizou a expectativa de que o Congresso não desidrate o pacote fiscal. No entanto, o dólar seguiu a sua escalada. Hoje, depois de atingir sua máxima nominal, o BC realizou mais um leilão à vista no começo da tarde e vendeu um total de US$ 2,015 bilhões. Após a operação da autarquia, a divisa cedeu um pouco, mas ainda oscilava próxima dos R$ 6,16.