Desde que o pacote de contenção de gastos do governo foi anunciado e mal recebido pelo mercado, o câmbio brasileiro vem passando por um forte movimento de depreciação. A moeda americana — que já estava na casa dos R$ 5,7 com a cautela antes do anúncio — chegou a encostar na casa dos R$ 6,10. Para o Morgan Stanley, a depreciação do Real pode ir ainda mais longe caso o Banco Central “perca” o seu poder de controlar as expectativas de inflação por meio da política monetária.
É o cenário chamado “dominância fiscal”: quando apertos monetários, com juros cada vez mais altos, acabam encarando ainda mais a dívida pública, levando a um efeito nulo da atuação do BC.
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Em relatório, o banco americano aponta que o real tem “espaço para ficar ainda mais barato”. Como pano de fundo, os analistas apontam que o câmbio tem falhado em responder aos aumentos da taxa Selic.
“Apesar da nossa perspectiva para 2025 incorporar riscos de menor compromisso fiscal para o segundo semestre de 2025 (com o dólar se consolidando ao redor dos R$ 6,30 em antecipação à eleição presidencial de 2026), um menor compromisso fiscal agora é uma surpresa para nós”, explica o banco.
Utilizando a crise fiscal do governo Dilma como referência, o Morgan Stanley vê margem para que o dólar continue se apreciando perante o real. No período, o câmbio brasileiro estava 30% mais barato que o REER (taxa de câmbio efetiva dividida pelo indicador oficial de inflação). No momento, a defasagem é de 10%.
Se a crise atual se equiparar a de 2015, com a confirmação de um cenário de dominância fiscal, o banco vê espaço para que o dólar atinge entre R$ 6,70 e R$ 7.
“Isso seria o equivalente a uma queda brusca na confiança do investidor. Um anúncio fiscal mais favorável poderia prevenir essa deterioração”, aponta o relatório.
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