Com o Bitcoin ultrapassando a marca de US$ 100 mil (R$ 610 mil), a maior gestora de ativos do planeta, a BlackRock, divulgou em um novo relatório em que indica que os investimentos na criptomoeda devem representar de 1% a 2% dos portfólios de investimento,“60/40” (60% em ações e 40% em títulos). Isso posicionaria o ativo de forma semelhante a empresas como Nvidia, Amazon ou Apple, mesmo que ele não gere receitas com produtos como as gigantes corporativas.
Nos últimos 12 meses, o preço do Bitcoin subiu mais de 130%, em comparação com uma alta de 32% do S&P 500. Mais de US$ 5,2 trilhões (R$ 31,8 trilhões) dos US$ 11,5 trilhões (R$ 70,3 trilhões) em ativos sob gestão da BlackRock são em ações, o que inclui ETFs como o iShares Core S&P 500 ETF (IVV), com US$ 576 bilhões (R$ 3,5 trilhões) em ativos. Com isso, alocar apenas 1% dos ativos de ações da BlackRock em Bitcoin equivaleria a US$ 50 bilhões (R$ 305 bilhões) em demanda líquida adicional para o ativo digital.
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A capitalização de mercado total do Bitcoin é de cerca de US$ 2 trilhões (R$ 12,2 trilhões). Os analistas liderados pela Chief Investment Officer de ETF e produtos de índices, Samara Cohen, afirmam que a criptomoeda de US$ 2 trilhões (R$ 12,2 trilhões) oferece um risco semelhante às empresas do grupo “Magnificent 7” (As Magníficas 7), cujas capitalizações médias de mercado são de US$ 2,5 trilhões (R$ 15,3 trilhões), representando quase 35% da capitalização total de mercado de US$ 46 trilhões (R$ 281 trilhões) do S&P 500.
O aumento da demanda dos investidores e a valorização dos preços do Bitcoin já são bons negócios para a BlackRock. Em 2022, ela fez uma parceria com a Coinbase para permitir que clientes institucionais comprassem Bitcoin e, hoje, opera o maior ETF de Bitcoin do mundo, o iShares Bitcoin Trust (IBIT), com US$ 50,8 bilhões (R$ 310,4 bilhões) em ativos sob gestão.
Bitcoin: estratégia para diversificação de risco
O documento da BlackRock também destaca a correlação historicamente baixa do Bitcoin com os mercados tradicionais. Segundo Cohen, todos os gestores de ações que usam um índice com as Magnificent 7 enfrentam esse risco de concentração, além de se depararem com a questão de como lidar com isso. “Estamos propondo essa estrutura para pensar em uma alocação que encontre o equilíbrio correto, dada a enorme volatilidade do preço do Bitcoin, para maximizar seu potencial como diversificador, ao mesmo tempo em que minimiza sua contribuição para o risco geral do portfólio”, afirma a Chief Investment Officer de ETF e produtos de índices.
Mesmo que o Bitcoin tenha sido correlacionado a outras classes de ativos, como ações de tecnologia, durante o boom e a queda da Covid-19, uma divergência começou em junho de 2023. O relatório sugere que esse padrão continuará devido a fatores que impactam o Bitcoin, como a fragmentação global do sistema financeiro, o aumento das tensões geopolíticas, a falta de confiança nos bancos e o crescimento dos déficits.
Para Cohen, dado o alto nível das taxas de juros em 2023, as pessoas poderiam manter uma postura defensiva com risco mínimo, mantendo instrumentos de liquidez no seu portfólio. “Em 2024, você precisa encarar a realidade do risco de reinvestimento, taxas mais baixas e a necessidade de uma alocação de ativos de longo prazo”, explica a executiva.
Embora a BlackRock recomende no máximo 2% para investidores interessados em diversificar com o Bitcoin, ela sugere que os ganhos de preço futuros podem ser mais difíceis. “As características de retorno provavelmente mudarão assim que atingirmos um estado-alvo, onde a alocação do portfólio será muito mais tática, como o ouro, e será usada para hedge, com um conjunto de características bem diferente”, afirma Cohen.