O banco Safra anunciou mudanças em seu quadro societário na noite da quinta-feira (30). Os irmãos Jacob Safra e David Safra anunciaram a aquisição da participação acionária de sua irmã Esther Safra, por um valor não divulgado. Segundo o banco, a transação foi “um processo natural, alinhado com sua família e com a visão de longo prazo da instituição”. Esther era a única entre os quatro filhos do banqueiro Joseph Safra (1938-2020) que não tinha função executiva no banco.
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Em uma declaração, o banco informou que Esther declarou ter tomado essa decisão “com harmonia”. O comunicado do banco informa que Esther declarou que “o Grupo Safra sempre terá um lugar especial no meu coração. Tenho enorme respeito pelo legado da instituição que meu pai criou, muito carinho pelos meus irmãos e admiração pelo trabalho excepcional de Jacob e David, que estão conduzindo o grupo com competência e dedicação. Sei que, sob a liderança deles, o Grupo Safra continuará se fortalecendo.”
A aquisição da participação acionária será feita com recursos próprios de Jacob e David, os acionistas remanescentes e ainda aguarda aprovação dos reguladores, informou o banco.
A decisão concentra o capital da instituição nas mãos de Jacob e David, que compartilham a direção dos negócios. Jacob é o responsável pelas atividades do grupo Safra na Suíça, entre elas o banco suíço J. Safra Sarasin. Fundado em 1841 e com sede na cidade suíça de Basileia, o banco é dedicado à gestão de fortunas e foi adquirido pela família Safra em 2013. David cuida das atividades no Brasil.
O Safra tem expandido seus negócios nos últimos anos por meio de aquisições. Em 2021, ele comprou a gestora de recursos do banco francês Credit Agricole e, no ano seguinte, adquiriu o Banco Alfa, que havia pertencido ao banqueiro Aloysio Faria (1920-2020), fundador do Banco Real.
Redução de capital
No dia 27 de janeiro, o Banco Central (BC) autorizou uma redução do capital do Banco Safra em R$ 6,184 bilhões. O capital recuou de R$ 19,196 bilhões para R$ 13,012 bilhões. Essa diminuição não foi provocada por perdas ou prejuízos contábeis, mas pela saída do acionista Alberto Safra, um dos herdeiros do bilionário Joseph Safra (1938-2020), em julho do ano passado.
Na ocasião, em nota, o Banco Safra informou que “vem estruturando seu capital ao longo dos últimos anos, em decorrência dos ajustes societários”. A instituição informou que os sócios decidiram realizar um aumento de capital de R$ 2,7 bilhões, que ainda depende de aprovação do BC.
A saída de Alberto do capital do banco ocorreu de maneira amigável, após um processo judicial movido por ele contra os irmãos Jacob e David, e também contra a mãe, Vicky Safra, a respeito da divisão do patrimônio familiar. Joseph Safra morreu em 2020 e deixou uma fortuna estimada em US$ 23 bilhões (R$ 134 bilhões).
O processo, que não envolveu Esther, foi iniciado por Alberto na justiça americana em abril de 2023 e encerrado por meio de um acordo em julho de 2024. Alberto, que não trabalhava no banco desde 2019, desvinculou seus negócios do grupo e passou a atuar por meio de sua gestora de recursos, a ASA.
De cidadania grega e brasileira, Vicky Safra permanece como a brasileira mais rica segundo a lista internacional da Forbes. No dia 30 de janeiro a fortuna da família estava estimada em US$ 18,2 bilhões (R$ 105,9 bilhões). Isso coloca Vicky na 111ª posição geral e como a 19ª mulher mais rica da lista internacional da Forbes.