Menos preocupado com a startup chinesa de IA, a DeepSeek, o mercado voltou a fortalecer o dólar nesta terça-feira (28). A moeda teve leves altas diante de outras divisas fortes e de boa parte das moedas emergentes. A postergação do aumento de taxas de importação, prometido pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, também favoreceu a queda do dólar. Internamente, a arrecadação da Receita Federal de 2024 teve o melhor resultado anual na série histórica, iniciada em 1995, repercutindo positivamente no mercado. O valor de recursos captados teve alta real (descontada a inflação) de 9,62% em 2024 sobre o ano anterior. No entanto, a queda das ações da Vale afetou o índice do Ibovespa.
O dólar à vista teve baixa de 0,74%, chegando ao R$ 5,8691. A nova queda é a sétima seguida e, por consequência, a menor registrada desde o final de novembro do ano passado. Desde janeiro, a divisa acumula decréscimo de 5,02%. Diante da cotação da moeda americana menor, os juros futuros registraram uma pequena queda
Na manhã dessa segunda (27), o dólar à vista chegou a oscilar positivamente no Brasil, com alguns agentes ensaiando uma realização de lucros, mas rapidamente a moeda migrou para o negativo.
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No entanto, a bolsa paulistana fechou no vermelho, mesmo com o bom resultado da arrecadação federal. A desvalorização das ações da Vale em mais de 2% levou o marcador a registrar 123.972,72 pontos em seu pior momento e, no melhor, 124.880,76. Com isso, no fim do dia, o Índice Bovespa registrou queda de 0,65%, chegando a 124.055,50 pontos. Com o feriado do Ano Novo Chinês, houve liquidez limitada pela China, o que também impulsionou as perdas do dia.
Para o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, o movimento, que contraria o de Wall Street, é visto como de correção. “No mercado de juros, a pressão que vinha sendo exercida sobre as taxas foi aliviada, especialmente nos vértices mais longos, com uma desaceleração na venda de títulos atrelados à inflação nos leilões do Tesouro”, disse Chinchila. O analista acrescentou que o movimento foi em parte uma resposta ao fluxo menor de colocações, após uma série robusta de emissões nos últimos dias.
Na sessão, o S&P 500 fechou em alta de 0,92%, o Nasdaq subiu 2,03% e o Dow Jones avançou 0,31%, com investidores aproveitando pechinchas após a liquidação do dia anterior.
Os agentes financeiros também se preparam para decisões de juros do Federal Reserve e do Banco Central na chamada “Super Quarta”, com expectativa de manutenção da taxa nos Estados Unidos e aumento de 1 ponto percentual na Selic, a 13,25% ao ano, conforme sinalizado pela autarquia em dezembro.
Destaques
– VALE ON fechou com declínio de 2,43%, pouco antes da divulgação de relatório de produção e vendas do quarto trimestre, que mostrou que a produção de minério de ferro caiu 4,6% ante o mesmo período do ano anterior. A sessão também marcou a ausência das negociações do minério de ferro na China, que segue com os mercados financeiros fechados de 28 de janeiro a 4 de fevereiro devido ao feriado do Ano Novo Lunar.
– PETROBRAS PN perdeu 0,13%, sem o mesmo ímpeto dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou com acréscimo de 0,53%, a US$ 77,49. Segundo informações do site G1, a estatal poderá reajustar o valor médio do diesel em suas refinarias, com impacto aos consumidores nas bombas entre 0,18 real e 0,24 real por litro, após mais de um ano sem reajustes. Na véspera, a Petrobras divulgou que sua produção total de óleo e gás natural alcançou 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) em 2024.
– WEG ON subiu 1,46%, em movimento de recuperação após a forte queda da véspera diante de incertezas sobre gastos necessários com a infraestrutura de inteligência artificial, na esteira da ascensão do DeepSeek. Analistas do Citi consideraram exagerada a reação sobre o papel na segunda-feira, avaliando que a grande redução de custo ainda precisa ser comprovada e que a Weg interage com IA por meio de data centers e não de chips de alto desempenho.
– COGNA ON caiu 5%, quebrando a sequência de sete pregões positivos. No setor, YDUQS ON perdeu 2,62%. Ambas tiveram nesta semana recomendação cortada para “market perform” pelo Itaú BBA, que também reduziu seus respectivos preços-alvo: de R$ 3 para R$ 1,50 e de R$ 20 para R$ 11, em meio à adoção de uma abordagem “altamente cautelosa” sobre empresas do setor de educação.
– IRB(RE) ON avançou 3,77%, maior alta percentual do Ibovespa no pregão, acumulando neste início de semana valorização de quase 6%.
– HAPVIDA ON recuou 2,52%, devolvendo parte dos ganhos da véspera, tendo ainda como pano de pano de fundo convocação de assembleia de acionistas para 18 de fevereiro a fim de incluir uma “poison pill” em seu estatuto. Analistas do BTG Pactual disseram em relatório que a medida parece “amplamente defensiva, considerando a forte venda das ações e o momento operacional desafiador da empresa”. Segundo o BTG, o movimento deve proteger minoritários e preservar os interesses dos acionistas controladores.
– BRADESCO PN subiu 0,43%, ITAÚ UNIBANCO PN teve acréscimo de 0,18%, BANCO DO BRASIL ON recuou 0,65% e SANTANDER BRASIL UNIT desvalorizou-se 0,52%, em sessão mista para os bancos do Ibovespa.