Pelo menos pela última década, a WEG, fabricante de motores, geradores e outros produtos industriais, é sinônimo de resiliência, “queridinha do mercado” e — de forma anedótica — fábrica de bilionários. Agora, a companhia catarinense tem mais um título para adicionar à lista: terceira empresa mais valiosa do Brasil, deixando para trás a gigante Vale.
Nesta terça-feira (14), a companhia atingiu a marca de R$ 223,4 bilhões em valor de mercado. Enquanto isso, a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, fica com a marca de R$ 219,9 bilhões. Os dados são da consultoria Elos Ayta.
Enquanto a WEG surfa um bom momento com crescimento acima do esperado, a Vale sofre com as oscilações do minério de ferro e a incerteza com relação à economia chinesa.
As ações da WEG são rotineiramente incluídas entre as melhores opções para os investidores por bancos de investimentos, que veem na empresa uma opção resiliente mesmo. Só nos últimos 12 meses, a valorização dos papéis foi superior a 53%. Desde o IPO, em 2000, o valor da ação cresceu 351,6 vezes.
Segundo Einar Rivero, CEO da Elos Ayta, a inversão de posições não é inédita. “Em dezembro de 2024, a WEG já havia ultrapassado a Vale durante seis pregões, entre os dias 12 e 19. Agora, a continuidade dessa tendência em janeiro de 2025 aponta para uma consolidação dessa nova ordem no mercado”, aponta.
Não à toa a empresa é chamada de fábrica de bilionários. A família fundadora — descendentes dos pioneiros Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghau — povoa a lista de bilionários da Forbes. Ao todo, são 29 pessoas com fortunas de 7 dígitos.
Juntos, eles possuem um patrimônio estimado em R$ 95,57 bilhões. A maior acionista individual é Anne Werninghaus, neta de Geraldo, com uma fortuna de R$ 6,96 bilhões. Entre os bilionários mais jovens estão Dora Voigt, de 26 anos, formada em arquitetura, e Lívia Voigt, de 20 anos, estudante de psicologia, ambas netas de Werner Ricardo Voigt.
A Petrobras (PETR4) segue sendo a empresa mais valiosa do país, seguida do Itaú Unibanco.
Como a WEG chegou até aqui?
A WEG, hoje uma multinacional com presença em mais de uma centena de países, tem uma história atípica de sucesso em tempos de grande foco em empresas de inteligência artificial. Fundada em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, por Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus, a companhia pode ser descrita como um exemplo de sucesso da “velha economia”.
Com o foco em desenvolvimento de produtos de infraestrutura industrial, a WEG viu em sua diversificação a chave para o sucesso. Hoje, além dos motores, produz componentes elétricos e eletrônicos, produtos para automação industrial, transformadores de potência e distribuição, tintas líquidas e em pó, além de vernizes isolantes elétricos.
Não é só o portfólio que cresceu. A companhia viu na atuação global uma forma de se fortalecer e se consolidar como uma das empresas com maior diversificação geográfica. Nos últimos meses, a companhia fez uma série de aquisições para fortalecer ainda mais o seu crescimento.
Em relatório recente, o Bank of America ressaltou o crescimento de receita da companhia, citando o crescimento e a expansão das margens como razões para o bom resultado. A empresa também se beneficiou de um nível mais alto da Selic, já que o retorno financeiro da companhia aumentou.
Segundo o BofA, a expectativa é que a companhia continue crescendo de forma acelerada em 2025 e uma melhora nas margens operacionais.
No terceiro trimestre de 2024, último resultado divulgado pela companhia, a WEG reportou um lucro líquido de R$ 1,57 bilhão, alta de 20,4% na comparação com o mesmo período de 2023. As receitas foram de R$ 9,85 bilhões entre julho e setembro, alta de 22,1%.
