
O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (28), em sessão de realização de lucros endossada pela fraqueza de commodities no exterior e declínio nos pregões em Nova York, terminando a semana quase no zero a zero após encostar nos 134 mil pontos.
Ao final do dia, o principal índice brasileiro caiu 0,94%, a 131.902,18 pontos, tendo marcado 131.315,07 pontos na mínima e 133.143,44 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$18,28 bilhões. O recuo vai na contramão da máxima intradia — desde outubro de 2024 — registrada na quinta-feira (27), que chegou a 133.904,38 pontos.
Na semana, o acumulado do Ibovespa teve variação negativa de 0,33%, deixando os ganhos no mês em 7,41%. Em março, até quarta-feira (26), houve uma entrada líquida de quase R$4,8 bilhões no mercado secundário de ações brasileiro, com o saldo no ano positivo em aproximadamente R$13,5 bilhões, segundo os dados mais recentes disponibilizados pela bolsa.
Já o dólar avançou 0,08%, cotado a R$5,7627. Na semana, a divisa dos EUA acumulou elevação de 0,82% ante o real. “O dólar aqui acompanhou a valorização vista no mercado externo frente a divisas commodities, em meio aos receios com as tarifas dos EUA”, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “O petróleo também está em queda, assim como o minério de ferro, e tudo isso pressiona nossa moeda (real)”, acrescentou.
Wall Street no vermelho
Em Wall Street, o viés negativo prevaleceu nesta sexta, com o S&P 500 fechando em baixa de 1,97%, em meio a persistentes preocupações relacionadas à política comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, o que corroborou as vendas no pregão brasileiro. De acordo com o especialista em investimentos Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, a possibilidade de novas tarifas adiciona incerteza a um ambiente de queda na confiança do consumidor e inflação ainda elevada nos EUA.
Assim como em sessões anteriores, a ansiedade com o início da cobrança pelos Estados Unidos de tarifas de importação no dia 2 de abril influenciou os negócios com o dólar, tanto no exterior quanto no Brasil. Na segunda-feira (24), o presidente dos EUA havia acenado com descontos de tarifas a alguns países, mas na quarta, ele apresentou um plano para cobrar 25% sobre importações de automóveis, elevando os temores de uma guerra comercial global.
Profissionais ouvidos pela Reuters chamaram a atenção, no entanto, para o fato de as oscilações do dólar nesta sexta-feira terem ocorrido em margens estreitas, com investidores posicionados, antes de uma semana que promete ser tensa.
Na segunda-feira (31) — último dia do mês e do trimestre — ocorre a disputa pela formação da Ptax. Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Na quarta (2) é o dia indicado por Trump para o início da cobrança de tarifas sobre vários países. Às 17h37, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,27%, a 103,960. Em relação às moedas de exportadores de commodities e emergentes, porém, o dólar se mantinha em alta.
Destaques
– ITAÚ UNIBANCO PN fechou em queda de 1,37%, em semana de ajustes, após três altas semanais seguidas. No setor, BRADESCO PN recuou 1,38% e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 1,06%, enquanto BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,17% e BTG PACTUAL UNIT registrou decréscimo de 0,06%.
– VALE ON recuou 1,01%, também pressionando o Ibovespa, tendo como pano de fundo o declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia com queda de 0,19%, a 785,5 iuanes (US$108,13 ou R$ 621,75).
– PETROBRAS PN caiu 0,64%, contaminada pela fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou em baixa de 0,54%, a US$73,63. PETROBRAS ON cedeu 0,99%.
– VAMOS ON desabou 9,32%, em meio a movimentos de realização de lucros, após forte valorização desde o começo do mês, com a alta acumulada superando 35% neste mês, até quinta-feira. No mesmo contexto, MAGAZINE LUIZA ON perdeu 2,85%, após somar até a quinta-feira uma valorização de 50% no mês.
– ELETROBRAS ON recuou 1,49%, após a companhia, privatizada em 2022, confirmar nesta sexta ter recebido as indicações do governo de Silas Rondeau, Maurício Tolmasquim e Nelson Hubner para o conselho de administração e de Guido Mantega para o conselho fiscal.
– COGNA ON fechou em alta de 3,92%, ampliando a valorização em março para cerca de 39,5% e no ano para ao redor de 94,5%. Na próxima semana, o grupo de educação realiza evento com analistas e investidores. No setor, YDUQS ON encerrou o dia com elevação de 0,16%.
– HYPERA ON avançou 1,43%, tendo no radar comunicado da farmacêutica de que o bloco de controle da companhia e o grupo Votorantim “mantêm conversas” sobre a eventual participação do conglomerado industrial em um novo acordo de acionistas.
– GOL PN, que não está no Ibovespa, caiu 4,11%, após divulgar prejuízo líquido de R$5,1 bilhões no quarto trimestre, ampliando em cerca de quatro vezes e meia o resultado negativo de um ano antes. A empresa também estimou receita líquida de entre R$22,1 bilhões e R$22,7 bilhões.