
O presidente Donald Trump tem mais bilionários em sua administração do que qualquer outro presidente na história dos EUA, com pelo menos nove integrantes. Além disso, ele conta com muitos bilionários como amigos ou apoiadores: 16 deles o visitaram em Mar-a-Lago entre a eleição e a posse. O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, teria visitado a Casa Branca na última quarta-feira, após um encontro com Trump no início de fevereiro. No entanto, ter um presidente pró-negócios, pró-capitalismo e bilionário não tem sido tão vantajoso para os membros do chamado “clube dos três zeros”. De 20 de janeiro até quinta-feira, 13 de março, o índice S&P 500 caiu 7,9%, enquanto o Nasdaq, focado em tecnologia, despencou 11,8%. Essa queda afetou significativamente as pessoas mais ricas do país: coletivamente, os bilionários americanos ficaram US$ 415 bilhões (R$ 2,37 trilhões) mais pobres, segundo cálculos da Forbes.
Em comparação, no mesmo período após a posse de Joe Biden, o S&P 500 subiu 2,4% e o Nasdaq caiu apenas 1%. Durante esse mesmo intervalo, os bilionários dos EUA ficaram US$ 153 bilhões (R$ 872 bilhões) mais ricos — um aumento de 3,6%.
Entre os fatores que derrubaram o mercado de ações estão as decisões instáveis de Trump sobre a imposição de tarifas sobre Canadá e México, o que gerou incertezas — algo que os líderes corporativos detestam. Além disso, as novas tarifas de 25% impostas por Trump sobre todas as importações de aço e alumínio nesta semana parecem estar desencadeando uma guerra comercial, com a União Europeia planejando lançar suas próprias tarifas sobre produtos americanos em 1º de abril. Para piorar o cenário, no início de março, o Federal Reserve de Atlanta previu uma contração de 2,8% no crescimento econômico do primeiro trimestre — o que já está sendo chamado de “Trumpcessão”.
Nenhum bilionário foi tão afetado quanto Elon Musk, braço direito de Trump. Em 20 de janeiro, o homem mais rico do mundo possuía uma fortuna de US$ 434 bilhões (R$ 2,47 trilhões). Desde então, surgiram relatos de quedas drásticas nas vendas de carros da Tesla nos primeiros dois meses de 2025 na Alemanha, China e Austrália.
Analistas do JPMorgan reduziram suas projeções de entregas de veículos da Tesla para o primeiro trimestre de 2025 em 20%, para 355 mil unidades — o menor número desde o terceiro trimestre de 2022. Enquanto isso, protestos contra a Tesla e Musk têm ocorrido em concessionárias da empresa por todo o país; alguns são pacíficos, mas outros envolveram atos de vandalismo. Em meio a tudo isso, as ações da Tesla caíram 43% desde a posse de Trump, o que apagou US$ 104 bilhões (R$ 592 bilhões) da fortuna de Musk, que agora está em US$ 330 bilhões (R$ 1,88 trilhão), de acordo com estimativas da Forbes. Apesar da queda de 24% no seu patrimônio, ele continua sendo o homem mais rico do planeta.
Ross Mayfield, estrategista de investimentos da Baird Private Wealth Management, não acha que essa perda de Musk seja surpreendente ou que tenha muito a ver com seus múltiplos papéis no governo Trump. “Acho que a posição de Musk na administração [Trump] não está ajudando… mas também não acho que seja o principal fator. Se estamos caminhando para uma desaceleração econômica, setores cíclicos como o de automóveis são os primeiros a sofrer, e a indústria automotiva está especialmente exposta ao comércio transfronteiriço e às tarifas”, afirmou Mayfield.
O colapso do mercado também atingiu fortemente várias ações do setor de tecnologia. O outrora promissor grupo conhecido como “Magnificent 7” — Tesla, Nvidia, Alphabet, Amazon, Meta, Apple e Microsoft — perdeu coletivamente mais de US$ 1,5 trilhão (R$ 8,55 trilhões) em valor de mercado desde 20 de janeiro, em meio a preocupações com a fraqueza da economia. Os líderes de algumas dessas empresas, como Jeff Bezos (Amazon), Sergey Brin (Google, agora Alphabet) e Zuckerberg (Meta), estiveram presentes na posse de Trump e tiveram destaque entre os convidados no Capitólio. Agora, esses magnatas estão entre os que mais perderam fortunas desde aquela celebração.
Os 20 bilionários americanos que mais perderam dinheiro desde 20 de janeiro de 2025:
(Valores referentes ao fechamento do mercado na quinta-feira, 13 de março)
- Elon Musk
Patrimônio líquido: US$ 330 bilhões (R$ 1,88 trilhão)
Perda: US$ 104 bilhões (R$ 592 bilhões)
Fonte de riqueza: Tesla, SpaceX
- Jeff Bezos
Patrimônio líquido: US$ 210 bilhões (R$ 1,19 trilhão)
Perda: US$ 29 bilhões (R$ 165,3 bilhões)
Fonte de riqueza: Amazon
- Larry Page
Patrimônio líquido: US$ 136 bilhões (R$ 775,2 bilhões)
Perda: US$ 26 bilhões (R$ 148,2 bilhões)
Fonte de riqueza: Alphabet (Google)
- Sergey Brin
Patrimônio líquido: US$ 130 bilhões (R$ 741 bilhões)
Perda: US$ 24 bilhões (R$ 136,8 bilhões)
Fonte de riqueza: Alphabet (Google)
- Larry Ellison
Patrimônio líquido: US$ 183 bilhões (R$ 1,04 trilhão)
Perda: US$ 22 bilhões (R$ 125,4 bilhões)
Fonte de riqueza: Oracle
- Jensen Huang
Patrimônio líquido: US$ 101 bilhões (R$ 575,7 bilhões)
Perda: US$ 19 bilhões (R$ 108,3 bilhões)
Fonte de riqueza: Nvidia
- Michael Dell
Patrimônio líquido: US$ 97 bilhões (R$ 552,9 bilhões)
Perda: US$ 18 bilhões (R$ 102,6 bilhões)
Fonte de riqueza: Dell Computers
- Steve Ballmer
Patrimônio líquido: US$ 115 bilhões (R$ 655,5 bilhões)
Perda: US$ 11 bilhões (R$ 62,7 bilhões)
Fonte de riqueza: Microsoft
- Stephen Schwarzman
Patrimônio líquido: US$ 42,3 bilhões (R$ 241,1 bilhões)
Perda: US$ 10,2 bilhões (R$ 58,1 bilhões)
Fonte de riqueza: Private Equity
- Thomas Peterffy
Patrimônio líquido: US$ 48,8 bilhões (R$ 278,2 bilhões)
Perda: US$ 7,9 bilhões (R$ 45 bilhões)
Fonte de riqueza: Corretagem de descontos
- Mark Zuckerberg
Patrimônio líquido: US$ 204 bilhões (R$ 1,16 trilhão)
Perda: US$ 7,6 bilhões (R$ 43,3 bilhões)
Fonte de riqueza: Facebook/Meta
- Rob Walton & família
Patrimônio líquido: US$ 103 bilhões (R$ 587,1 bilhões)
Perda: US$ 7 bilhões (R$ 39,9 bilhões)
Fonte de riqueza: Walmart
- Jim Walton & família
Patrimônio líquido: US$ 102 bilhões (R$ 581,4 bilhões)
Perda: US$ 6,9 bilhões (R$ 39,3 bilhões)
Fonte de riqueza: Walmart
- Alice Walton
Patrimônio líquido: US$ 94,6 bilhões (R$ 539,2 bilhões)
Perda: US$ 6,8 bilhões (R$ 38,8 bilhões)
Fonte de riqueza: Walmart
- Abigail Johnson
Patrimônio líquido: US$ 31,3 bilhões (R$ 178,4 bilhões)
Perda: US$ 5,6 bilhões (R$ 31,9 bilhões)
Fonte de riqueza: Fidelity Investments
- Brian Armstrong
Patrimônio líquido: US$ 7,6 bilhões (R$ 43,3 bilhões)
Perda: US$ 5,2 bilhões (R$ 29,6 bilhões)
Fonte de riqueza: Coinbase
- Robert Pera
Patrimônio líquido: US$ 14,9 bilhões (R$ 84,9 bilhões)
Perda: US$ 4,6 bilhões (R$ 26,2 bilhões)
Fonte de riqueza: Redes sem fio
- MacKenzie Scott
Patrimônio líquido: US$ 27,4 bilhões (R$ 156,2 bilhões)
Perda: US$ 4,5 bilhões (R$ 25,7 bilhões)
Fonte de riqueza: Amazon
- George Roberts
Patrimônio líquido: US$ 14,2 bilhões (R$ 80,9 bilhões)
Perda: US$ 4,2 bilhões (R$ 23,9 bilhões)
Fonte de riqueza: Private Equity
- Lyndal Stephens Greth & família
Patrimônio líquido: US$ 26,4 bilhões (R$ 150,5 bilhões)
Perda: US$ 4,2 bilhões (R$ 23,9 bilhões)
Fonte de riqueza: Petróleo e gás