
O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira (11), acompanhando o sentimento de angústia do mercado internacional quanto à economia americana. A onda de pessimismo tomou conta na segunda (10), com a repercussão de declarações reticentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possibilidade do país passar por uma recessão, por conta de sua política tarifária.
Ao fim do dia, o cenário também mostrou seu impacto no dólar, que encerrou em baixa ante o real acompanhando o próprio recuo no exterior. Na segunda-feira, a moeda americana teve avanço superior a 1% e chegou à cotação de R$5,85. Enquanto o índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 0,81%, a 123.507,35 pontos, o dólar caiu 0,75%, cotado a R$5,8113. Em março, a divisa acumula queda de 1,78%.
Apenas ajustes
Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o recuo do dólar apenas reflete “alguma correção de prêmios de risco incorporados no pregão anterior, marcado por forte aversão ao risco, principalmente na moeda americana e nos contratos de juros”.
O diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, chamou atenção para o fato do dólar também estar em queda ante boa parte das divisas fortes e ante a maioria das demais moedas no exterior.
“Já vimos essa novela de guerra comercial EUA-China entre 2018 e 2019 e tivemos por muito tempo o mercado projetando um arrefecimento do comércio global e um impacto recessivo. Isso vai permear os pregões por muito tempo ainda, pode apostar”, acrescentou.
Pressão por todos os lados
Na visão do sócio e advisor da Blue3 Investimentos William Queiroz, a bolsa continuou replicando o sentimento mais negativo no exterior, em meio a preocupações relacionadas à guerra comercial e uma possível desaceleração do crescimento global.
Em Nova York, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou com decréscimo de 0,76%, chegando a reduzir as perdas após anúncio dos EUA de que a Ucrânia aceitou acordo de cessar-fogo com a Rússia.
No entanto o clima segue tenso, com agentes financeiros avaliando os riscos de uma recessão nos Estados Unidos, em meio a anúncio de tarifas comerciais e dados econômicos recentes. Nesta terça, Trump anunciou que as tarifas sobre produtos de aço e alumínio do Canadá subiram para 50%, em resposta à implementação pela província canadense de Ontário de uma taxa de 25% sobre a eletricidade que entra nos EUA.
Na quarta-feira (12), entram em vigor tarifas mais amplas de 25% sobre o aço e o alumínio que são importados pelos Estados Unidos, algo que afetará especialmente Canadá, Brasil, México e Coreia do Sul.
Destaques
– PETROBRAS PN recuou 1,5%, descolada da alta dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent subiu 0,4%. Os papéis ainda refletem a frustração com os dividendos abaixo do esperado, bem como temores envolvendo a alocação de capital após investimentos acima do previsto em 2024.
– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,88%, em mais um dia no qual o sinal negativo prevaleceu nos bancos do Ibovespa. BRADESCO PN perdeu 0,61%, BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,89% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou negociada em baixa de 2,11%. BTG PACTUAL UNIT terminou com variação positiva de 0,16%.
– VALE ON subiu 0,83%, descolada do setor. CSN ON caiu 2,54%, no penúltimo pregão antes da divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado, com agentes também atentos ao começo da aplicação de tarifas sobre aço pelos EUA. CSN MINERAÇÃO ON perdeu 3,13%, USIMINAS PNA caiu 1,34% e GERDAU PN cedeu 0,36%.
– IGUATEMI UNIT perdeu 2,68%, tendo no radar o anúncio de assinou os contratos envolvendo as aquisições de participações nos empreendimentos paulistanos Shopping Pátio Higienópolis e Shopping Pátio Paulista e que acertou compromissos firmes de investimento com “parceiros financeiros e coproprietários” que somam quase R$1,48 bilhão.
– REDE D’OR ON cedeu 3%, mesmo após divulgar Ebitda consolidado de R$2 bilhões no quarto trimestre, avanço de 34,4% ano a ano. Analistas do Itaú BBA chamaram a atenção para tendências mais fracas no segmento hospital, com adição mais lenta do que o esperado de leitos operacionais e crescimento substancial em custos de pessoal e de terceiros.
– LWSA ON valorizou-se 3,79%, encontrando apoio no alívio das taxas dos DI para reduzir as perdas acumuladas no ano, que até a véspera somavam mais de 20%. A companhia divulga seu balanço do quarto trimestre do ano passado na quinta-feira, após o fechamento do pregão.
– CPFL ENERGIA ON fechou em alta de 3,03%, tendo como pano de fundo relatório de analistas do UBS BB cortando o preço-alvo de R$49 para R$45, mas reiterando compra, conforme veem a elétrica como uma oportunidade relativamente mais segura no atual cenário de juros mais elevados dadas as suas metas de alavancagem conservadoras.