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Cenários
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a Ata da 269ª reunião, realizada nos dias 18 e 19 de março. O texto começou mostrando um cenário otimista. A Ata trouxe vários argumentos a favor de uma desaceleração do ritmo de atividade econômica no Brasil.
Segundo o texto, o “Comitê segue avaliando que o cenário-base prospectivo envolve uma desaceleração da atividade econômica” e “reforçou que alguns indicadores mais recentes, como de serviços, indústria ou população ocupada têm indicado moderação de crescimento após extraordinária resiliência no mercado de trabalho e na atividade econômica”.
Há vários argumentos nesse sentido: “indicadores de confiança e pesquisas de sentimento de crédito têm sugerido uma desaceleração maior do que aquela observada nos dados objetivos” e “no mercado de trabalho, além da volatilidade inerente aos dados, observa-se redução na margem da população ocupada, mas em ambiente de desemprego baixo e rendimentos elevados”, informa o texto.
Porém, na segunda metade da Ata, o Copom adota um tom francamente pessimista. Começando pela advertência recorrente que o país gasta muito e mal. O “debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas” e “reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal (…)e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia”.
As conclusões não poderiam ser diferentes. “As expectativas de inflação (…) elevaram-se novamente em todos os prazos, indicando desancoragem adicional e tornando assim o cenário de inflação mais adverso. (…) [A] convergência da inflação à meta (…) exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado.”
E o resultado é inevitável. Segundo a Ata, “em se concretizando as projeções do cenário de referência, a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior da meta por seis meses consecutivos, contados desde janeiro. om a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática”. Recordando, desde o início deste ano a meta já não obedece ao calendário gregoriano, mas segue uma janela móvel de 12 meses.
Perspectivas
Se o Comunicado divulgado no dia 19 de março indicava um Copom mais “dovish” (tolerante em relação à inflação), o texto atual mostra que o Comitê já dá como praticamente certa a não-observância da meta. O texto revelou que os juros vão continuar subindo, que vão voltar a subir na reunião agendada para maio e que a alta será menor do que 1%.
Com isso, o Copom mostra um panorama adverso e com juros mais elevados, o que tem uma influência negativa sobre as ações, mas pode provocar uma apreciação do real em relação ao dólar.
Indicadores
- Brasil
Ata do Copom
Confiança do Consumidor FGV (Mar)
Observado: 84,3
Esperado: ND
Anterior: 83,6
- Estados Unidos
Confiança do Consumidor CB (Mar)
Esperado: 94,2
Anterior: 98,3
Venda de casas novas (Fev)
Esperado: 682 mil
Anterior: 657 mil