
Os preços do petróleo caíam para novas mínimas em quatro anos nesta quarta-feira, depois que a China anunciou medidas tarifárias adicionais sobre os produtos dos EUA em retaliação à política tarifária do presidente Donald Trump.
A China imporá tarifas de 84% sobre os produtos dos EUA a partir de quinta-feira, acima dos 34% anunciados anteriormente, informou o Ministério das Finanças.
Os futuros do Brent caíam US$ 2,84, ou 4,52%, para US$ 59,98 por barril às 10h15 (horário de Brasília). Os futuros do petróleo bruto dos EUA (WTI) caíam US$ 2,66, ou 4,46%, para US$ 56,92.
Ambos os contratos chegaram a cair cerca de 7% antes de reduzir as perdas.
As tarifas de 104% de Trump sobre a China entraram em vigor nesta quarta-feira, acrescentando 50% às tarifas depois que Pequim não suspendeu suas tarifas retaliatórias iniciais sobre os produtos dos EUA.
Ao mesmo tempo, os países da União Europeia devem aprovar as primeiras contramedidas do bloco contra as tarifas de Trump na quarta-feira, somando-se às medidas de retaliação da China e do Canadá.
“A retaliação agressiva da China diminui as chances de um acordo rápido entre as duas maiores economias do mundo, desencadeando temores crescentes de recessão econômica em todo o mundo”, disse Ye Lin, vice-presidente de mercados de commodities de petróleo da Rystad Energy.
“O crescimento da demanda de petróleo na China, de 50.000 bpd a 100.000 bpd, está em risco se a guerra comercial continuar por mais tempo. No entanto, um estímulo mais forte para impulsionar o consumo doméstico poderia mitigar as perdas.”
O Brent e o WTI caíram por cinco sessões desde que Trump anunciou tarifas abrangentes sobre a maioria das importações, gerando preocupações sobre o crescimento econômico e a demanda por combustível.
“Alguns analistas norte-americanos sugeriram que a Casa Branca quer levar os preços do petróleo para mais perto de US$ 50, já que o governo acredita que o setor de petróleo e gás dos EUA pode sobreviver a um período de turbulência”, disse Ashley Kelty, analista do Panmure Liberum.
“Consideramos essa meta um tanto ilusória (…) e (ela) simplesmente fará com que a produção dos EUA seja encerrada e abrirá a porta para que a Opep recupere sua posição de produtor dominante.”
Exacerbando o declínio do petróleo, na semana passada o grupo de produtores Opep+ decidiu aumentar a produção em maio em 411.000 barris por dia (bpd), o que, segundo analistas, provavelmente empurrará o mercado para um excedente.