
Nesta terça-feira (29), os investidores mantiveram as expectativas em relação aos dados econômicos americanos, que devem sair ao longo da semana, e ao abrandamento da política tarifária dos Estados Unidos. Ao longo do dia, o presidente Donald Trump afirmou que pretende isentar as importações de automóveis e suas peças da tarifa de 25%.
Por aqui, o dólar chegou à oitava sessão seguida em queda, fechando a R$ 5,6307, um recuo de 0,32%. Nos últimos oito dias úteis, a divisa acumulou perdas de 4,42%. Já o Ibovespa chegou aos 136 mil pontos na máxima intradia, mas não conseguiu sustentar. Com um avanço de 0,06%, o índice encerrou o dia com 135.092,99 pontos.
Ganha e perde
A moeda americana seguiu nesta terça o roteiro de sessões recentes: registrou leves ganhos na abertura e migrou para o território negativo na sequência. “O dólar está dando continuidade à tendência de baixa da última semana. Na realidade, é mais do mesmo, com o mercado à espera de dados relevantes na semana, como o PIB americano na quarta-feira (30) e o payroll na sexta (2)”, comentou durante a tarde João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos. “Dependendo de como vierem estes dados, será possível dar um direcionamento melhor no câmbio”, acrescentou.
No mercado, a percepção é de que os números podem trazer uma visão mais clara sobre o rumo da economia dos EUA, que lida atualmente com dilemas trazidos pela guerra tarifária do governo de Donald Trump. Nesta terça, a Casa Branca informou que Trump assinará um decreto para amenizar o impacto de suas tarifas no setor automotivo. Autoridades do governo disseram que as medidas aliviarão algumas tarifas sobre peças estrangeiras para carros fabricados nos EUA, enquanto os importadores não terão que pagar taxas acumuladas sobre carros e materiais usados para fabricá-los.
Influência no mercado interno
Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, avaliou que os ativos brasileiros — como o real e as ações do Ibovespa — vêm sendo beneficiados pelo fluxo de investimentos vindo do exterior. “A tendência permanece, mesmo diante da indefinição sobre as negociações comerciais entre EUA e China. Contudo, a amplitude do dólar hoje está limitada pela expectativa do payroll americano, além das decisões de juros do Federal Reserve e do Copom na próxima semana, o que mantém investidores em compasso de espera”, ponderou.
Em relação ao Copom, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça que segue vigente a visão apresentada em março, quando a taxa básica Selic subiu 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, e o colegiado indicou aumento de menor magnitude em maio. “A gente está respondendo a uma dinâmica de inflação que é desafiadora, o que justifica a extensão do ciclo”, disse Galípolo.
Para o final do dia, ainda são aguardados os resultados trimestrais de Iguatemi, Isa Energia, entre outros. Marcopolo, que também está na lista, divulgou balanço logo após o fechamento do mercado.
Destaques
– PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 0,53% e 0,28%, respectivamente, apesar do declínio dos preços do petróleo no exterior. O barril de Brent, referência para a estatal, fechou negociado em baixa de 2,44%, a US$ 64,25 (R$ 361,74). A estatal divulga nesta terça-feira, após fechamento do mercado, o relatório de produção e vendas do primeiro trimestre.
– VALE ON caiu 0,37%, apesar da recuperação dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações diurnas com acréscimo de 0,28%, a 709 iuanes (R$ 510,48) a tonelada. O presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, disse nesta terça que está estudando alternativas para seu portfólio de níquel, incluindo venda, formação de parcerias ou hibernação de ativos, visto que o mercado enfrenta um cenário desafiador de curto prazo.
– GERDAU PN caiu 1,16%, após trocar o sinal algumas vezes no pregão, na esteira de queda de quase 15% no resultado operacional medido Ebtida ajustado do primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho, porém, veio um pouco melhor que o esperado por média de previsões de analistas compilada pela Lseg. Executivos da siderúrgica disseram em conferência com analistas que o mix de produtos da companhia nos EUA protege a empresa de incertezas relacionadas à guerra tarifária global e que não viram sinais de redução de vendas na região.
– ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 0,80%, BANCO DO BRASIL ON ganhou 0,53%, BRADESCO PN subiu 1,12% e SANTANDER BRASIL UNIT avançou 0,57%.
– GPA ON subiu 8%, após disparar até 16% na máxima da sessão, liderando os ganhos do Ibovespa em meio às perspectivas de mudança do conselho de administração da companhia, antes da assembleia geral extraordinária marcada para segunda-feira.
– CAIXA SEGURIDADE ON caiu 4,24%, após o JPMorgan rebaixar na véspera a recomendação do papel para “neutra”, ante “overweight”, com analistas citando, entre outros fatores, um ambiente de taxas de juros mais dovish — com o pico da Selic agora precificado em torno de 14,75%, versus cerca de 17% em dezembro de 2024 — no qual seguradoras tendem a se beneficiar menos.