Se você é como eu, está sempre em busca de uma ótima camiseta ou boné que passe uma mensagem forte de uma forma bacana. Isso é mais difícil de encontrar do que parece, mas, ao achar a peça certa, ela se torna parte de quem você é e será usada por muitos anos. Quando olhei a loja online 40 Tons, eu vi muitas tendências de moda, mas também descobri uma interseção entre moda e justiça social: uma linha de camisetas criada para aqueles atualmente encarcerados por porte de cannabis nos EUA, com 100% dos lucros indo diretamente para os prisioneiros.
A empresa de roupas premium e acessórios de cannabis foi fundada pelos próprios operadores que ajudaram a construir a indústria da maconha e hoje é operada pela CEO Loriel Alegrete, uma mulher que viu muitos de seus entes queridos serem presos por causa da cannabis e decidiu fazer algo a respeito. Usando um diploma do The Fashion Institute of Design & Merchandising, sua experiência como empreendedora e líder comunitária, talento para construir cultura e a magia de ser quem ela é, Loriel e a equipe da 40 Tons estão criando uma empresa consciente, em uma missão de levar para casa todas as mais de 40 mil pessoas encarceradas nos EUA por porte de maconha e restaurar a justiça.
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Para citar o slogan do 40 Tons: “Só porque alguém aguenta, não significa que não é pesado.” À Forbes, Loriel fala mais sobre sua história, a marca e os seus objetivos.
Forbes: Estatísticas recentes afirmam que a maioria dos proprietários da indústria de cannabis são brancos…
Loriel Alegrete: Se não quiserem nos dar um lugar à mesa, vamos criar o nosso. E isso é exatamente o que fiz quando criei a 40 Tons. Eu precisava ter certeza de que estávamos sendo representados. Não apenas como uma mulher negra, mas também representando as mães, filhas e esposas daqueles injustamente encarcerados por causa da maconha.
F: Você consegue encontrar aliados e comunidade com outras pessoas neste negócio?
LA: Sim, quando uma porta se fecha, várias outras se abrem. Gosto de pensar que sou uma boa juíza de caráter e uso minhas habilidades de liderança para identificar quem é um verdadeiro aliado e me alinhar. Meu marido Anthony é branco e passou a ser um aliado. Tê-lo em nossa equipe interna ajudou a estabelecer relações que poderíamos não ter de outra forma.
F: Quais são alguns dos desafios que você enfrenta como mulher negra na indústria da cannabis?
LA: Quando as pessoas não me levam a sério e/ou sentem pena de mim. Eu quero que apoiem a 40 Tons não porque é um negócio de uma mulher negra, mas porque é uma boa empresa que faz um ótimo trabalho. Somos capazes de fornecer produtos premium e ótimas experiências. Tenho orgulho de que a 40 Tons seja uma empresa de propriedade de mulheres negras. É assim a verdadeira equidade social.
F: Suas experiências com o encarceramento de pessoas próximas devem ter sido extremamente estressantes, mas mesmo assim você conseguiu alcançar muita coisa. O que te motiva?
LA: Quando Anthony estava preso, eu tive que ser mais forte do que nunca sendo mãe e pai e apoiando meus filhos. Meus filhos foram fatores motivadores naquela época e agora. Também mantive minha fé em Deus e sabia que iria perseverar. Este foi apenas um capítulo da minha vida e não o livro inteiro. O que não me mata só me torna mais forte.
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F: Qual tem sido a parte mais gratificante de ser uma líder que trabalha para restaurar comunidades?
LA: Quando nós – a nossa indústria – nos reunimos e obtivemos sucesso em levar Corvain Cooper para casa após uma sentença de prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional por um delito não violento de cannabis. Isso mostra que, se nos manifestarmos, podemos fazer mudanças. Também adoro o fato de poder ser uma mentora para as moças e mostrar a elas que podemos fazer isso como os homens fazem.
F: Ampliar sua missão com uma marca de roupas é um método singular de luta contra a injustiça relacionada à cannabis. Como você desenvolveu a ideia?
LA: Nosso objetivo é construir uma cultura por trás de nossa marca e, por isso, achamos essa abordagem atraente. Corvain sempre foi ligado em moda. Na verdade, ele era dono de um estabelecimento de varejo há anos. Além disso, estudei moda no Fashion Institute of Design & Merchandising na minha juventude – então a moda sempre foi algo ao qual a nossa equipe esteve conectada. Esta é a nossa forma de contar a nossa história e ter pessoas que nos apoiem.
F: Como foi o processo de abertura da 40 Tons?
LA: Somos empresários há 20 anos e iniciamos vários tipos de negócios. Assim que percebemos que é isso que queríamos fazer, iniciamos o trabalho de base – desenvolvendo nosso deck de marca, site, presença online, etc. Nossa equipe é diversificada em muitas práticas de negócios e todas as nossas experiências ajudaram na formação da empresa. Nossa maior luta é conseguir financiar essa empreitada. Nós apenas demos a cara à tapa e enfrentamos os desafios de frente. Agradecemos os muitos relacionamentos que solidificamos e que nos permitiram fazer isso. Estamos muito gratos porque, sem eles, não haveria nós.
F: Qual foi uma experiência transformadora para você ao longo de sua jornada?
LA: Quando eu testemunhei Anthony (branco) e Corvain (negro) acusados do mesmo crime e recebendo sentenças completamente diferentes…Isso mudou minha visão de mundo. Foi quando tive um momento de epifania: tem que ser feito algo para mudar esse tipo de injustiça.
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F: Qual foi o processo de obtenção de clemência para Corvain Cooper durante o governo Trump?
LA: Esta é uma situação em que 1 + 1 + 1 + 1 = 10. Muitos se reuniram para apoiar a causa de Corvain Cooper, não foi apenas uma pessoa ou organização. Foram necessários advogados apresentando moções e petições. Foi necessária a defesa de instituições de caridade, os líderes pró-cannabis se manifestaram e o povo assinou petições e vocalizou a situação dele. Demorou alguns anos. Anthony, Evelyn e Natalia (que fazem parte da nossa equipe) também entraram no Clubhouse logo no início e usaram a plataforma de áudio para divulgar sua mensagem. Todos os dias, Anthony entrava em salas de cannabis e mencionava o nome de Corvain. Acho que isso teve um grande papel em reunir toda a indústria. Foi um momento perfeito porque apenas quatro meses depois de Anthony entrar no Clubhouse, Corvain foi libertado. Ele literalmente dirigiu até a prisão para buscá-lo.
F: Quais são suas esperanças para o futuro da legalização?
LA: Tenho esperança de que essa planta especial seja legalizada em nível federal em breve. Eu acho que é importante não parar na legalização, mas também trazer justiça restaurativa real para nossos irmãos e irmãs presos por esta erva, muitos dos quais são negros e pardos. Temos que corrigir essas injustiças. É justo que, se tornarmos a planta legal, precisamos consertar o sistema penal no que se refere à cannabis.
F: Como você pratica o autocuidado?
LA: Eu ingiro micro-doses em produtos comestíveis de cannabis vez ou outra… É difícil administrar uma casa, fazer um curso de enfermagem e ser CEO de uma marca. Além disso, tento comer bem, dormir bem e me exercitar sempre que posso. É sobre encontrar um equilíbrio na vida.
F: O que você aprendeu sobre si mesma nesse processo?
LA: Eu sou resiliente e sou uma lutadora. O momento que mais me impactou pessoalmente foi quando vi minha mãe perder a batalha contra o câncer. Significou que tive que me tornar a matriarca da família.
F: Como você espera empoderar outras mulheres negras na indústria da cannabis?
LA: Eu sou apaixonada por ser mentora de mulheres negras, ao mostrar a elas que não importa quais obstáculos sejam colocados à sua frente, você pode fazer qualquer coisa. As mulheres negras têm essa força interior que a maioria das pessoas não vê, elas têm uma magia. É sedutor, atraente e contagiante. É uma questão de mentalidade e sua rede de apoio se torna seu patrimônio líquido. Você deve acreditar que é capaz de fazer o trabalho e será capaz.
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