“Sente à mesa, não espere ser convidada”. Essa é a dica que a CFO da Volvo, Claudia Barcelos, deu para as mulheres no Women Entrepreneur Forum, encontro que reuniu ontem (17), em São Paulo, mais de 500 executivas, empreendedoras e líderes em diversos segmentos. “A estrada está pavimentada, e agora nós temos que atravessá-la”, disse Claudia sobre diversidade durante seu discurso no painel Mulheres da Indústria de Base.
O evento apresentou outros cinco painéis sobre mulheres na saúde, economia, inovação e mercado financeiro, além de mesas redondas com rodadas de negócios. Nos painéis, estiveram Marta Díez, presidente da Pfizer no Brasil, Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil e Tereza Cristina, ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que participou de forma remota. “Mulheres são mais bem preparadas que os homens e empresas geridas por mulheres têm performance acima da média, mas elas ganham menos e demoram mais para avançar na carreira”, afirma Natalia Dias, presidente do Standard Bank no Brasil, filial de um dos maiores bancos do continente africano.
Diversidade não trata apenas de ética, mas de negócios. Com igualdade de gênero, as mulheres poderiam dar um impulso de US$ 20 trilhões, cerca de R$ 101 trilhões, para a economia mundial, segundo um estudo da agência Bloomberg. “A ‘She Economy’ é uma grande tendência mundial. Tem visão muito curta quem não está se atentando a esse mercado”, diz Natalia.
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Painel Instrumentos de Inclusão Econômica e Financeira
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Painel Mulheres na Indústria de Base
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Painel Mulheres e Inovação
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Painel Mulheres que Movimentam a Economia
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Painel Políticas Públicas para Igualdade de Gênero
Painel Instrumentos de Inclusão Econômica e Financeira
Por trás da idealização do evento está a pernambucana Mônica Monteiro, que hoje ocupa a diretoria executiva do Grupo Bandeirantes, mas tem histórico de empreendedorismo. Conversamos com a executiva, que dá aqui dicas para empreendedoras.
Forbes: De onde vem a sua vontade de empreender?
Mônica Monteiro: Ser empreendedora é um modo de ser e de fazer acontecer, eu sempre fui desse jeito. Eu vendia coisas embaixo do prédio quando era pequena e gostei desse negócio. Comecei uma carreira executiva e, lá pelas tantas, trabalhava no Credicard e pensei ‘vou começar a vender para essas empresas’. Montei uma produtora, comecei a fazer telecursos, o que me levou para a África, e comecei a vender para amigos. Em 2019, assumi a Band e deixei a produtora para a minha irmã tocar, mas continuo empreendendo porque, como eu falei, empreender é uma questão de atitude. Mas a minha coisa com mulheres e movimento social é que eu sempre precisei devolver o que eu ganhei, e essa foi a maneira que eu encontrei, me juntando com pessoas que também têm esse propósito. Eu ajudo muita gente e isso me preenche. Muitas vezes, eu chego cedo no escritório para atender ligações do mundo todo e só depois continuo o dia na televisão, que não é brincadeira.
F: Qual a importância de ter uma experiência no exterior, como você teve?
MM: Para internacionalizar a carreira você tem que se despir de tudo o que você pensa que é certo para incorporar as culturas diferentes. Esse é o grande barato. Claro que tem momentos em que você fica irritada, não consegue entender por que as coisas não encaixam, mas você tem que parar e deixar aquela cultura entrar em você, seja qual for. E aí quando chegar em casa você fica ‘Meu Deus do céu’.
F: Como você enxerga o futuro das mulheres no trabalho e na economia?
MM: Eu acho que em uns 10 anos a gente vai ter uma outra realidade. Porque quando uma mulher empreende e sua empresa cresce, ela contrata uma outra mulher e vai estar ajudando outras mulheres. Eu comecei com grupos muito pequenos e hoje você vem aqui em um evento desse, com 570 pessoas, todas elas líderes, empresárias ou empreendedoras e a gente consegue puxar mais outras mulheres que estão despertando para isso. Eu acredito nisso porque eu já estou vendo isso.
F: O que você gostaria de ter ouvido quando começou e que diria agora para outras mulheres?
MM: As pessoas fazem mil cursos de oratória, mas a gente tem que fazer um curso de ‘escutatória’. Você tem que escutar muito e trabalhar muito, mas sempre com método e matemática na cabeça.