À medida que a moda evolui, uma nova dinâmica de poder está entrando em jogo mais do que nunca. Um estudo do site Business of Fashion revelou que as mulheres projetam 40% das marcas de moda feminina, mas representam apenas cerca de 14% das posições de liderança entre as maiores marcas. Outro relatório descobriu que as mulheres lideram menos de 13% das empresas de varejo e vestuário da Fortune 1000, lista das maiores empresas americanas classificadas por receita.
No entanto, não há dúvidas de que as empreendedoras da moda feminina estão cada vez mais deixando sua marca promovendo produtos sustentáveis, revolucionando a moda plus size e defendendo designs inclusivos.
As mulheres por trás da moda sustentável
Os resultados da pesquisa Cotton Incorporated Lifestyle Monitor indicaram que 30% dos consumidores sempre ou geralmente compram roupas comercializadas como sustentáveis. Como resultado disso, as empresas e suas líderes estão crescendo para atender à demanda por roupas ecológicas.
As fundadoras da marca Skatie, Skatie Noyes Hutchison e Mandi Glynn, se conheceram em 2009 enquanto estudavam no FIDM (Fashion Institute of Design & Merchandising). Elas lançaram a marca de swimwear sustentável sete anos depois (e a linha de activewear em 2018), usando o Instagram.
“Nós fundamos a Skatie com o objetivo de ser sustentável e usar o que estava disponível no mercado”, disse Noyes. Além de alcançar o sucesso como fundadora, ela se concentra na sustentabilidade usando peles artificiais para fazer chapéus de luxo. Ela também aproveitou a tendência vegana, pois seus chapéus feitos sob encomenda simbolizam o movimento do slow fashion e são feitos para durar a vida toda.
Inclusão na moda
Outra mudança na indústria da moda tem sido a demanda por tamanhos de roupas inclusivos. Em 2019, o mercado de roupas plus size acumulou US$ 480,99 bilhões (R$ 2,3 trilhões). A empresa de análises Allied Market Research estima que esses números vão subir para US$ 696,71 bilhões (R$ 3,3 trilhões) até 2027. As líderes femininas da moda não perderam a importância da inclusão de tamanhos e do movimento body positivity.
Como fundadora da empresa JessaKae, Jessa Maddocks espera mudar a forma como as marcas de moda tratam as mulheres plus size. Ao invés de apenas vender vestidos tamanho P, ela disponibilizou cada uma de suas peças em uma ampla gama de tamanhos.
“O movimento que eu adoraria inspirar é a inclusão de tamanho para mulheres em toda a indústria da moda”, diz Maddocks. “A maioria das marcas de grife só vão até o GG. Na JessaKae, todos os nossos vestidos são produzidos em tamanhos que variam do PP ao G6. Eu adoraria remover o termo plus size completamente, incluindo lojas ou seções plus size nos sites. Uma marca deve fazer uma peça de roupa e ajustá-la para caber em todos os tamanhos para mulheres. Nós fazemos isso”.
A Good American é outro exemplo de como os objetivos de Maddock são possíveis. A empresa foi cofundada por Khloe Kardashian e a empreendedora Emma Grede em 2016. A marca enfatiza a inclusão do corpo, o que é evidente em seus tamanhos de jeans, que variam do 34 ao 64.
No entanto, é importante notar que a inclusão na moda não termina com o tamanho. A muçulmana Marwa Atik tinha apenas 18 anos quando percebeu que não havia lugares onde pudesse comprar lenços da moda. Assim, com sua irmã, Tasneem Atik Sabri, ela criou o Vela, que, de acordo com seu site, pretende “revolucionar a forma como o mundo olhava para o hijab e seu estilo modesto”.
Hoje, o Vela cria uma ampla gama de produtos para mulheres muçulmanas. Além de seu compromisso com a inclusão na moda, elas também usam bambu e outros produtos sustentáveis para criar peças ecologicamente corretas.
Alicia Sandve também usou seu papel na moda para defender uma causa. Ela fundou a marca de joias HEYMAEVE para ajudar sobreviventes de agressão sexual, como ela. Sandve doa US$ 1 (R$ 4,7) para uma organização sem fins lucrativos focada em mulheres a cada compra no site.
A equipe da HEYMAEVE também apoia a Destiny Rescue, uma organização que ajuda a resgatar crianças vítimas de tráfico humano. Como muitas empresas hoje, ela usa questões ESG (ambientais, sociais e de governança) para definir sua marca e impactar positivamente o mundo.
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O futuro das mulheres na moda
Mesmo com números ainda baixos, vimos grandes avanços das mulheres na moda nos últimos anos. Em 2017, Clare Waight Keller foi apontada como a primeira mulher a comandar a casa francesa de moda e perfume Givenchy desde 1952. Maria Grazia Chiuri viveu um momento semelhante ao se tornar a primeira diretora artística da Dior em todos os seus 70 anos. Quando Karl Lagerfeld faleceu, duas mulheres foram colocadas no comando de grandes marcas; Virginie Viard na Chanel e Silvia Venturini Fendi na Fendi.
Em 2020, o crescimento da presença feminina entre os CEOs da indústria de vestuário foi promissor, aumentando em 95%, com mais de 100 mulheres assumindo esse cargo, de acordo com um relatório da empresa de análise de dados Nextail.
Como a moda há muito tempo é dirigida por homens, mas feita para mulheres, é emocionante ver muitas marcas agitando a indústria e ajudando a moldar um futuro mais inclusivo.
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